Eldorado/Estadão - Brics: potencial em alimento e agronegócio para o Brasil e o mundo.
Publicado em 07/07/2025
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Reunião da Cúpula dos Brics no Rio de Janeiro, na pauta temas ambientais, de inteligência artificial, do comércio e tarifas, mas um certo esquecimento da fonte regeneradora de todos os aspectos vitais para o mundo hoje, a insegurança alimentar, energética, social, ambiental e mudança climática.
Exatamente nos Brics, dentre as quatro maiores agriculturas do mundo, três são Brics, a maior a China que produz em grãos quase o dobro de todos os outros. Estados Unidos em segundo lugar e a terceira e quarta posição pertencem ao Brics com Brasil, que deve superar 335 milhões de toneladas de grãos nesta safra, e a Índia em quarto lugar.
Porém o Brasil é o único país com condições de triplicar a produção de alimentos e de todo sistema do agronegócio. E no Brics temos da mesma forma o maior mercado consumidor, incluindo o mercado Halal, e também contamos com as principais fontes de suprimentos de insumos como os fertilizantes. Um potencial gigantesco precisando de um planejamento estratégico com investimentos para enfrentar os temas climáticos, sociais e geopolíticos internacionais.
Quando integramos nos Brics os países membros e convidados, 11 no total, incluindo Rússia, Egito, Arábia Saudita, Irã, Etiópia, Emirados Árabes, África do Sul, Indonésia, além de Índia, China e Brasil, somamos simplesmente ao mesmo tempo a maior agricultura do mundo ao lado de dois outros essenciais vetores: a maior população planetária, quer dizer o maior contingente consumidor, ao lado de significar praticamente cerca de 80% do total de 600 milhões de propriedades rurais mundiais como nos informa a Organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura.
Ou seja, quase 500 milhões de unidades agrícolas do mundo estão nos países em desenvolvimento, ao lado também da concentração da fome, miséria, pobreza onde sem um olhar estratégico, científico, de inclusão nos mercados e desenvolvimento social não haverá condições de resolver os temas centrais da pauta dos Brics tratados hoje no Rio: meio ambiente, ciência digital com IA, onde geneticistas já atuam com desenvolvimentos de genética com inteligência artificial, e já compreendemos que a origem, a fonte para o enfrentamento dos 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU – passam por uma regeneração agrícola, com a saúde dos solos, plantas, animais, florestas, água, ar e dos seres humanos agricultores que serão cada vez mais chamados de “agentes da saúde mundial” do que diríamos, apenas “agricultores”.
Um exército agrícola de 500 milhões de agricultores onde somados as suas famílias e aos elos econômicos do antes e pós-porteira das fazendas representa o maior poder econômico planetário, além do alimento, como sinônimo de paz, relembrando a expressão constante do Roberto Rodrigues. E o Brasil é o único Brics com conhecimento e potencial para triplicar de tamanho na estratégia de alimentos e do sistema do agribusiness.
Os Brics têm nos seus países, por um lado um gigantesco poder agrícola, e com populações imensas, e temos no exemplo único brasileiro o conhecimento da ciência e tecnologia tropical do mundo para a gestão alimentar, energética, ambiental e social, com os concretos exemplos cooperativistas, que neste ano celebram o Ano Internacional do Cooperativismo.
Esse poder indo ao futuro significa um aspecto dominante do mundo, além de impactar de forma real todos os interesses econômicos e ambientais dos países mais ricos hoje, ficando aqui outra observação, a de um estudo do Banco Mundial que aponta para quais serão os seis maiores PIB’s do mundo em 2050: China, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Japão e Brasil. Quatro Brics dentre os seis.
Portanto tem muito mais essencialidades das ciências agrárias e de todo seu entorno tecnológico, científico, agregador de valor, e da cidadania planetária, no conceito de cadeias de valor do agroconsciente do que circula nas superfícies das mídias sociais.
O Brics tem um gigantesco poder alimentar, energético, social e ambiental nas mãos. Questão de administração, ciência e cooperação. Brics e “tropical belt nations”, uma associação regenerativa do mundo com gigantesco potencial ESG total.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.