Eldorado/Estadão - Mais de R$ 1 trilhão. Agora a barreira é de reputação. Carta pede recursos para o Biden
Publicado em 16/04/2021
DivulgaçãoNo que vai dar tudo isso? Então, vamos crescer 15,2% o valor bruto da produção agropecuária (o dentro da porteira), um recorde de 1 trilhão, cento e noventa e dois bilhões de reais, na estimativa da CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. O lado da agricultura cresce 19,3%. Alta dos preços das commodities onde só a soja cresceu 33,6% e o milho 32,2%. A pecuária a alta será de 7,6%, com carne bovina crescendo 14% no faturamento. O negócio cresceu no negócio das exportações.
Por outro lado, em um estudo da CNI, Confederação Nacional da Indústria no jornal Valor destaca que além das barreiras particulares de cada iniciativa privada em função do seu compliance e ESG, temos as barreiras de sustentabilidade, mudanças climáticas, segurança alimentar e agora reputacional. Intangível. Vinculado à percepção de imagem.
E sobre isto vem a carta de Bolsonaro para Biden. A reunião da Cúpula dos Líderes do Clima será agora dias 22 e 23 de abril nos Estados Unidos e Bolsonaro foi convidado. Na carta Bolsonaro afirma estar comprometido com a meta de zerar desmatamento ilegal até 2030. Nessa carta Bolsonaro escreve que temos 60% do território coberto e na Amazônia são 84%. Bolsonaro ainda enfatiza que usamos 46% da energia de fontes renováveis no país.
Fala que objetiva atingir a neutralidade climática até 2060 e que pode antecipar para 2050 dependendo de recursos, dinheiro, que possamos receber. Fala do Plano ABC, como metodologia valorosa de sustentabilidade. E ao final, em síntese, afirma que para alcançar estas metas será necessário recursos vultosos, e políticas públicas abrangentes. E isto obriga-nos a querer contar com todo apoio possível, tanto da comunidade internacional, quanto de governos, do setor privado, da sociedade civil e de todos que comunguem desse objetivo.
A pergunta é: sim a carta só diz verdades, tudo correto o que essa carta registra, mas os gringos vão acreditar? Com uma administração negacionista da pandemia, com apenas 8 países no mundo sem algum tipo de restrição para a entrada de brasileiros, e com discursos agressivos ao longo de dois anos contra a Europa, Estados Unidos e China.
Será que a barreira reputacional oferece credibilidade da atual voz do governo do Brasil sobre a saúde do planeta? Hei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí, como cantou Moacir Franco no Carnaval de 1959. Vai dar não? Você vai ver a tremenda confusão. Pena que a hora não é de Carnaval.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.