Eldorado/Estadão - Com regência o agro dobra de tamanho em 10 anos, e o PIB brasileiro crescerá com dignidade e decência
Publicado em 13/03/2023
Banco de imagemA palavra agronegócio foi inspirada no Brasil pelo saudoso Ney Bittencourt de Araújo no início dos anos 90, como escreveu Roberto Rodrigues em sua coluna do Estadão (12/3). E a Abag, Associação Brasileira de Agronegócio comemorou 30 anos na semana passada. Parabéns Caio, Gislaine, toda direção e membros.
Agronegócio para ser agronegócio exige administração e coordenação do sistema de cadeias produtivas reunindo a agropecuária com o comércio, a indústria e os serviços. Este “design thinking” integra o estado da arte da ciência, de todas as áreas de exatas, biológicas e humanas onde sem administração e governança não obtemos o resultado da conjunção do antes, dentro e pós-porteira das fazendas.
Outro marco histórico também do início dos anos 90 foi a criação do PENSA, Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial com o prof. Décio Zylbersztajn, na FEA/USP.
Quem responde pelo agronegócio brasileiro, essa atividade que impacta cerca de 30% do PIB, um “Lego” que a nível de governo reuniria praticamente todos os ministérios, além da agricultura, desenvolvimento agrário, pesca, a indústria e comércio, relações exteriores, fazenda, meio ambiente, transportes, saúde, etc os 37 ministérios cruzam e são peças desse sistema chamado agronegócio?
Na organização das confederações nacionais empresariais, da mesma forma, todas elas tem vínculos com o sistema agronegócio, além da CNA, Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, a CNI, Confederação Nacional da Indústria, a CNC, Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo, a CNF, Confederação Nacional das Instituições Financeiras, a CNT, Confederação Nacional do Transporte, a CNS, Confederação Nacional dos Serviços, onde cerca de 50% do setor de serviços do Brasil está da mesma forma conectado a esse sistema de um complexo agro empresarial que inclui sinais de telecomunicação, digitalização, comunicação e chega no motoboy do delivery da minha padaria preferida a Santa Marcelina aqui em São Paulo.
No seu texto deste domingo no Estadão Roberto Rodrigues fala do impacto da tecnologia observada na Expodireto Cotrijal de Não Me Toque, Rio Grande do Sul. Da mesma forma é o que assistimos em toda agropecuária empresarial e nas cooperativas que reúnem mais de 1 milhão de famílias agrícolas brasileiras.
Logo fica aqui a pergunta, quem fala em nome de todo esse mega sistema composto por centenas de peças, ou se o imaginássemos uma orquestra, com centenas de instrumentos precisando tocar na mesma partitura, tonalidade e numa seleção de músicas sob coordenação e administração de um regente, um maestro? E que esse regente da mesma forma domine ESG, meio ambiente e responsabilidade social, pois desde os dramas de equipes humanas, de colheitas como das uvas, no Sul, sob maus tratos, passando por uma vaca louca de um rebanho minúsculo de 160 animais no Pará, até discussões de carbono zero nas maiores agroindústrias do mundo, são notas escritas nas modernas partituras desses arranjos do novo mundo onde alimento e energia viram sinônimo de saúde.
Proponho aqui um embaixador do sistema do agronegócio brasileiro, acima da política partidária, que tenha competência para falar em nome da agropecuária, indústria, comércio, serviços, educação, cooperativismo, meio ambiente, e com a legítima carga de cidadania e humanidade que tudo isso significa. Paz. Alguém se candidata? Quem sabe o embaixador do cooperativismo na FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e professor Roberto Rodrigues?
O agronegócio brasileiro é uma orquestra a busca de uma regência. Podemos dobrar de tamanho, mais de US$ 1 trilhão até 2033, e assim obtermos crescimentos decentes do PIB do país a níveis justos muito além dos ridículos 1% ou 2% ao ano. Questão de foco. Questão de líderes. Questão de dignidade e decência com o povo brasileiro.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.