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DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Congresso ANDAV 2025 estratégico em meio a tarifaço: “Não vai dar para retaliar!”

Publicado em 28/07/2025

Divulgação
Congresso ANDAV 2025 de 5 a 7 de agosto, em São Paulo

O maior evento reunindo todo setor da distribuição dos insumos agrícolas e veterinários do país ocorre no início de agosto. E ocorrerá num momento fundamental e estratégico, pois além de vendermos produtos do agro para os Estados Unidos também compramos insumos do antes das porteiras dos EUA.

Conversei com o Paulo César Tibúrcio Gonçalves, presidente executivo da Associação Nacional de Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários, que me fez o convite para o Congresso ANDAV 2025:

"De 5 a 7 de agosto, em São Paulo, acontece o Congresso ANDAV 2025 apresentando inovações, soluções e serviços que movimentam o agronegócio. A nossa plenária principal vai reunir especialistas, líderes e autoridades para discutir o futuro da distribuição no país. Vamos tratar de temas estratégicos como acesso ao crédito, economia global, tributação, gestão empresarial, inovação, também vamos apresentar os principais destaques da nossa Pesquisa Nacional da Distribuição. O evento será no Transamérica Expocenter, em São Paulo, e mais informações vocês encontram no site www.congressoandav.com.br.”  

Obrigado Tibúrcio!

Essa reunião do setor da distribuição no início de agosto é estratégica pois damos início ao plantio das principais safras brasileiras e, ao mesmo tempo, temos os aspectos dos custos dos defensivos, fertilizantes, sementes, tecnologias utilizadas nas práticas agronômicas e veterinárias do Brasil. E uma parte desses insumos são importados, no todo ou em componentes, para serem finalizados pelas indústrias no Brasil.

Importamos dos Estados Unidos fertilizantes, insumos como nitrato de amônio. Importamos inseticidas, herbicidas, fungicidas, reguladores de crescimento. Também compostos nucleicos, sulfonamidas. E no aspecto das máquinas agrícolas também vendemos para os Estados Unidos, mas também importamos componentes para as montadoras das marcas norte-americanas no Brasil e indústrias nacionais.

Temos ainda nas relações de importação dos Estados Unidos, onde somos mais clientes do que vendedores, com um superavit a favor dos Estados Unidos na casa de US$ 250 milhões no total; compramos equipamentos para a indústria de telecomunicações, sem esquecer hoje da moderna agricultura movida a sinais de satélites, robots, gestão digital e com grande impacto das big techs nas  relações e transações do complexo agroempresarial, aliás esse em particular, mídias sociais, tema fundamental no agro e não trazido ao debate até agora,  com forte influência no agronegócio brasileiro com o mundo. Big techs!

Ou seja, não vai dar para retaliar. Fica evidente que uma retaliação tarifária para as importações dos Estados Unidos, 50%, só servirá para aumentar os custos da preparação das safras no Brasil, já pressionadas por juros elevados, dólar imprevisível e com um importante cliente declarando guerra ao nosso comércio.

Portanto nunca um encontro reunindo todo comércio e serviços da distribuição dos insumos, ou seja, tudo aquilo que os agricultores e pecuaristas precisam para gerar safras e criar proteína animal, ocorre em tão delicado e estratégico momento.

Ao olharmos com consciência este momento agroconsciente, significa por um lado um incômodo considerável, porém por outro um estímulo às ações brasileiras que estão no radar, nos planos, nas visões mais evoluídas de lideranças do agro nacional, para construir no Brasil um sistema de segurança industrial e tecnológico dos setores do antes das porteiras como de maneira gigantesca temos nos fertilizantes, com dependência de 85% das importações. Os Estados Unidos, neste caso, significa menos do que 5% do total, porém impacta nos custos e preços para o Brasil. E também está na hora de considerar este 1 de agosto de 2025 como uma declaração de “independência e superação”. Não creio que Trump vai deixar de brincar conosco, um país amigo e dócil, para permanecer nas mídias mundiais enquanto não arruma outra “vítima” para, ao contrário, fazer dos Estados Unidos a sua “autovitimização”. O foco de verdade está na China e no conjunto asiático chinês. A guerra entre as megapotências geoeconômicas.

Portanto, 1 de agosto, “point of no return”. Não adianta reclamar, precisamos como o economista Paulo Rabello de Castro declarou de uma “agenda da superação” e fazer do limão do Trump uma limonada, mas eu adicionaria ao Paulo Rabello , por que não uma maravilhosa “caipirinha brasileira” com nosso açúcar de cana, como Trump agora pede para mudar na fórmula da coca cola, e com o melhor destilado do mundo, a cachaça, ou em inglês “sugar cane spirit” e relembrar o personagem que Walt Disney criou, o Zé Carioca no filme Alô Amigos, em 1942 , e o colocarmos na mídia norte-americana o Zé Carioca. “Why uncle Trump are you doing this to me? We are friends!”

Sucesso ANDAV e amigo Paulo Tiburcio.

Início de agosto vamos vender, não vai dar para retaliar.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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