CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Governo decide ajuda ao agro e livro que deu origem a esse conceito em 1957 já pedia inteligência estratégica

Publicado em 01/04/2024

Divulgação
Livro é lançado na SRB, em São Paulo

O ministro Fávaro apresentou a decisão do Conselho Monetário Nacional  (CMN) autorizando a renegociação das dívidas do crédito rural para 17 estados e quatro produtos: soja, milho, bovinocultura de carne e leite. Quem foi afetado por adversidades climáticas ou dificuldades de comercialização tratará com a instituição financeira credora até 31 de maio deste ano a prorrogação dos vencimentos que cairiam em 2024.

Entretanto, por coincidência, quero registrar o que os criadores do conceito de agronegócio registraram no livro pioneiro desse conceito, escrito em 1957, que foi traduzido e lançado na semana passada na sede da Sociedade Rural Brasileira (SRB), em São Paulo. E na última página desse livro de 1957 assim está escrito:

“ …. A abordagem do agronegócio aos problemas de alimentos e fibras não é em si outro programa agrícola ou mesmo uma solução para um problema agrícola, mas um meio para uma solução. O cerne disto é a visão de tais problemas no seu contexto combinado dentro e fora da exploração agrícola (antes, dentro e pós-porteira das fazendas) e a combinação de muitas respostas parciais numa política nacional de agronegócio. Uma política que por sua vez se harmonize e reforce os nossos objetivos econômicos nacionais … chegou a hora de deixar de recorrer a medidas provisórias de emergência que podem tornar-se políticas permanentes devido à falta de melhores respostas”. (Um conceito de agronegócio, John Davis & Ray Goldberg publicado em 1957 nos Estados Unidos, traduzido por Rafaela Parra, editora ESGlaw, lançado na sede da SRB, São Paulo, em 27/3/2024).

“O mundo agrícola e o mundo industrial não são duas economias separadas que apenas mantém uma relação comprador-vendedor. Na verdade, eles estão tão entrelaçados e inseparavelmente ligados que é preciso pensar neles sempre em conjunto para que qualquer pensamento sólido sobre um ou outro seja concebido” (discurso do presidente do Conselho da Sears, Roebuck na Conferência do Instituto Nacional de Agricultura Animal, em 15/4/1955.TV Houser).

Este conceito antigo, atemporal, num mundo contemporâneo com exigências ambientais e sociais além das econômicas, nos impacta no Brasil e no mundo, pois precisa estar a serviço da união dos seres humanos num planeta só, e no caso brasileiro a serviço do crescimento do PIB nacional com saúde e prosperidade para todos.  (Entrevista com Ray Goldberg, em 2020).

De 1957 a 2024 parece que não entendemos o cerne desse conceito, do qual falamos todos os dias, mas cuja ausência de um plano estratégico integrando indústria, comércio, serviços, agropecuária, cooperativas e bioeconomia, que nos permitiria dobrar o PIB brasileiro em 15 anos, nos mantém como Ray Goldberg e John Davis anunciaram nos idos de 1957: “medidas provisórias de emergência podem tornar-se políticas permanentes…”

Os objetivos do sistema de agronegócio econômicos, sociais e ambientais precisam estar num plano estratégico de estado, caso contrário, leiam a última página desse livro de 1957.

Por enquanto, distantes da reunião das cadeias produtivas num plano de estado,  e de uma conexão delas com o crescimento do PIB nacional, hoje o PIB do Brasil de US$ 2,17 trilhões é tímido, somos 8% dos Estados Unidos, 11% da China, metade de Japão e Alemanha, 58% da Índia. Precisamos dobrar o PIB brasileiro nos próximos 15 anos e isso irá incluir segurança para a produção rural, e para o consumidor final. Enquanto não temos esse plano de estado agronacional, que venham as medidas de ajuda ao setor. O ministro Fávaro deverá trazer mais notícias de apoio ao longo desta semana.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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