CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Ministro Marcos Montes pede competência na comunicação do agro brasileiro

Publicado em 05/08/2022

Ministro da Agricultura, Marcos Montes

No 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio da Abag e B3, nesta semana, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, enfatizou em seu discurso que sofremos de ausência ou péssima comunicação do agronegócio do país, com a sociedade brasileira e com o mundo.

Este ponto tem sido constante e comum entre todas as lideranças do setor, numa voz corrente do tipo: “não sabemos nos comunicar” e por isso não temos a merecida imagem desejada daquilo que fazemos muito bem feito.

Então o que fazemos bem feito surge como o Plano ABC+ da agricultura de baixo carbono; um manejo de solo de plantio direto quase universal nas áreas agrícolas; vem o modelo de integração lavoura pecuária e floresta gerando a carne carbono zero, com as tendências de grãos carbono zero; surgem as cooperativas brasileiras reunindo cerca de 54% de toda produção do país, com mais de 1 milhão de agricultores familiares nos seus quadros cooperativistas, falamos dos programas como Metano Zero, com biogás natural e renovável nas fazendas e granjas do país, enfim, temos uma bela lista de ótimos exemplos reais que ao invés de se tornarem percebidos ficam ocultos e escondidos através ou dos problemas que não sanamos como desmatamento ilegal, ou mau uso da ciência por alguns; ou então ficamos submetidos a detratores que amplificam nossas mazelas em detrimento dos avanços saudáveis do país.

Então onde está o problema da comunicação?

Precisamos chamar princípios velhos e conhecidos dessa arte de estabelecer o parecer acima do ser, como na velha história da mulher de César, ou eu diria que “entre tapas e beijos o agro brasileiro não se comunica e se estrumbica”, como dizia Chacrinha, o velho guerreiro.

Ministro Marcos Montes e todos os líderes das cadeias produtivas do agro nacional, comunicação é nossa responsabilidade exclusiva. Se não gostamos do que pensam de nós, não adianta botar a culpa nos outros e, sim, tratar, cuidar e estabelecer um planejamento de longo prazo de comunicação que crie empatia, confiança e que conquiste corações e mentes mundo afora.

A Colômbia faz um ótimo trabalho de comunicação do seu café. A Nova Zelândia é espetacular na comunicação do setor lácteo. O Canadá se apresenta ao mundo como sendo a agricultura mais cuidadora e carinhosa do mundo, we care. Os Estados Unidos agora mostram ao planeta os sabores e as delícias dos terroir estado-unidenses. A França leva seus sabores, seu terroir para o Salão da Agricultura em Paris e conquista as sociedades urbanas do mundo. O México faz da tequila um caso mundial de sucesso.

Mesmo estando longe da publicidade a um bom tempo a carne argentina e uruguaia se destacam na preferência percebida de valor. A Holanda com a holandesinha dos produtos holandeses faz dos vegetais, frutas e flores um êxito mundial. Itália como padrão excepcional de gastronomia transfere a todos os seus produtos agrícolas uma percepção de premium e assim por diante em inúmeros casos de percepções positivas de vários países, o que também contribui para o seu turismo gastronômico. E mesmo o Egito continua sendo padrão número 1 de percepção de algodão, quando nós brasileiros fazemos o melhor algodão do mundo.

De fato senhor ministro e autoridades somos comunicação zero, quando não péssima, reverberando e retaliando de maneira incompetente qualquer voz fake ou não que nos desagrade.

Sem contar inconsequências como falar mal de clientes, e conseguimos de forma exemplar atacar e criticar nossos clientes internacionais no descaminho da ausência de um projeto de longo prazo comunicacional e educador do agro brasileiro.

E ainda terminamos por aumentar a confusão entre Amazônia sustentável com ótimos exemplos legais versus o crime e a ilegalidade revelados nas mortes do indigenista Bruno e do jornalista Dom.

Comunicação tem fórmula e ela inicia com o E do emissor. Dependendo de quem fale em nosso nome é melhor ficar calado, pois pode só piorar o feed back indesejado dos stakeholders.

Numa pesquisa feita pela Onglobalstrategy no Brasil perante toda a sociedade, a pergunta foi: “quem tem autoridade e reputação para falar em nome do agro brasileiro?” A resposta do brasileiro foi: “a Embrapa”.

Creio que está na hora de realizarmos uma pesquisa séria de percepção sobre o agro brasileiro, dos emissores com credibilidade, das mídias com reputação, para depois criarmos as mensagens e usarmos com eficácia as necessárias verbas para que isso seja feito e veiculado mundialmente.

O Brasil não merece a imagem que tem. Pois mesmo que as pesquisas revelem não ser de tão ruim assim, precisaríamos estar em patamares elevadíssimos na percepção planetária, afinal a razão orienta mas é a emoção que movimenta e o Brasil tem as condições potenciais para estar entre os cinco maiores produtos interno bruto PIB do planeta em pouco tempo.

E que o crime seja combatido com tolerância zero. “Entre tapas e beijos o agro não se comunica e se estrumbica”.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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