Eldorado/Estadão - O sistema agrícola do Brasil compete com as nações mais ricas do mundo e vence em condições desiguais
Publicado em 02/07/2025
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Alimentos e agronegócio são plano de segurança de estado nas nações mais ricas e poderosas do mundo. Não é à toa. A história humana revela que alimento sempre foi uma arma de gigantesco poder nas guerras das nações e impérios. O Brasil é um fenômeno espetacular, pois nos últimos 60 anos se transformou na 4ª maior agricultura do mundo, e no maior exportador de proteína animal. E competindo com modelos agrícolas totalmente protegidos e subsidiados do hemisfério norte.
Agora temos o Plano Safra e da agricultura familiar 2025/26. Plano Safra R$ 516 bilhões + agricultura familiar R$ 89 bi. Significa 1,5% maior do que 2024/25. As taxas de juros do Plano Safra empresarial ficaram entre 8,5% e 14% ao ano, uma elevação média de 2 pontos percentuais na linha de financiamento.
No plano da agricultura familiar ouve um crescimento de 3% no total dos recursos, e para alimentos da cesta básica os juros foram de 3%, de fato subsidiados perante uma Selic de 15%, indo até 8% em outras categorias.
Sobre os impactos operacionais só poderemos avaliar após as resoluções do CMN serem divulgadas. Na divulgação do Plano Safra governo usa slogan força para o Brasil crescer.
Cita taxas de juros reduzidas para os produtores que adotarem boas práticas, renovação agroambiental e recuperação e conversão de áreas de pastagens degradadas com 8,5%. O custeio empresarial ficou com 14%, a renovação de máquinas com 13,5%, irrigação 12,5%.
Em síntese, compreendemos o esforço do Mapa e MDA nessa luta num orçamento fiscal comprometido com objetivos claramente eleitoreiros do governo, porém a ausência de um planejamento estratégico integrado do sistema do agronegócio, reunindo a indústria, comércio, serviços com a agropecuária, e ações logísticas e infraestrutura objetivando metas de aumento do agronegócio como um todo a nível nacional e internacional, limitam as possibilidades de segurança dessa atividade plena de incertezas e riscos. O tão desejado seguro rural ainda não aparece na emergência e necessidade real.
Falo aqui do Rio Grande do Sul onde os agricultores vivem inseguranças climáticas, e contas a serem acertadas do passado. Dessa forma o que temos de fato são perspectivas de uma agropecuária que se desenvolve muito mais por conta e risco dos empreendedores rurais, com foco nos mercados, e na expectativa de que os preços das commodities serem positivos nas bolsas mundiais, pois hoje os alimentos, energia não seguem mais as relações de preços locais, são determinados por bolsas mundiais.
No aspecto dos custos, a nova safra brasileira terá impactos dos fertilizantes, da energia, da taxa de juros. Portanto, ao analisar o agro desde 1970, uma constatação podemos ter: o setor sempre esteve acima dos seus governos.
Teremos safras maiores em 2025/26, teremos melhor pecuária e inovações com crescimento de sistemas integração lavoura, pecuária e florestas, por exemplo, biodiesel, etanol, biometano. O cooperativismo irá crescer.
O Mapa, o MDA, seus funcionários e técnicos tem méritos, os seus atuais ministros também. Porém, o que oferecemos aos nossos agricultores é infinitamente menor do que os agricultores de países desenvolvidos recebem, mas mesmo assim sinto aqui no sul ao cruzar áreas que foram devastadas com o clima, vejo ali novas lavouras e converso com pessoas que não desistem.
De fato o brasileiro é um forte. Vamos ao novo ano safra competindo com gigantes subsidiados, mas vamos crescer.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.