Eldorado/Estadão - Perdendo safra com estiagem, o maior risco do Brasil hoje!
Publicado em 10/01/2022
TCAEstamos com condições climáticas adversas no país. Eu mesmo voltando de Santos onde só chove nestes últimos dias. Então muita chuva de um lado e falta d’água do outro.Mas o grave problema para a economia e toda sociedade brasileira está na diminuição das safras em função do clima adverso.
O Paraná já perdeu 37% da soja prevista, caindo de uma previsão de 21 milhões de toneladas para 13 milhões. E isso provoca outro prejuízo. Temos navios parados nos portos esperando pela soja inicial que não tem produto em função das perdas. No milho também perdas registradas no Paraná de 34%. Na soma destes dois grãos, soja e milho, já podemos contabilizar prejuízos de cerca de R$ 23 bilhões até este momento.
Cai também a produção de feijão, no Paraná, em menos da metade prevista, feijão de 1ª safra. E do Sul recebemos também informações preocupantes sobre o arroz, do estado que representa 70% do arroz do país. Conclusão, do Mato Grosso do Sul para todo Sul do país, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, perdas já efetivas e inicia-se um grande movimento atrás do seguro rural.
Líderes do governo e entidades já se reuniram na semana passada sob a coordenação do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Bastos, para avaliar esta situação que coloca riscos enormes para a economia, o PIB, e os custos dos alimentos. Mas pra variar, uma desgraça nunca vem só. Contrariados por que sua categoria ficou esquecida no orçamento do governo de 2022, quer dizer sem reajustes de salários, como outras categorias tiveram, os agentes fiscais da agropecuária que fazem as tramitações de exportações e importações nos portos e fronteiras, decretaram uma operação padrão.
A Abitrigo, que tem no trigo seu item essencial de importação, está reclamando da lentidão para desembaraçar cargas do cereal que chegaram no Porto de Santos. Da mesma forma recebemos notícia de carretas paradas em Roraima, dentro dessa operação padrão.
Portanto, estamos agora mais do que nunca na dependência das safras do Brasil Central e demais estados e regiões. Ou seja, estamos nas mãos de São Pedro, porém tem sempre uma incompetência de administração que ajuda no aumento dos problemas e das dores, como a insatisfação da categoria dos agentes fiscais agropecuários por quem tudo o que sai e que entra no país passa por suas mãos. Então dá-lhe operação padrão! E fica aqui a pergunta: como está a interlocução do governo com esta categoria?
Começo de ano, de riscos evidentes no agronegócio que não tem jeito, precisa ser cada vez mais consciente.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.