CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - PIB derrete se a agropecuária enfraquece? O que você acha disso?

Publicado em 31/01/2022

TCA
Milho, preços elevados

Nas últimas semanas os analistas financeiros tem colocado para baixo as expectativas do PIB do país para 2022, em uma associação com os efeitos climáticos prejudicando as safras e consequentemente o agronegócio brasileiro.

No jornal Valor Econômico surgem os dados: O IBRE-FGV, Instituto Brasileiro de Economia, reduziu perspectiva de crescimento do PIB 2022 de 0,7% para 0,6% através da revisão do crescimento da agropecuária de 5% para 3,5%.

O BNP Paribas, de um PIB que cresceria 0,5% em 2022, projeta agora (-) 0,5%, numa expectativa de que a agropecuária ao invés de crescer 5% neste ano, crescerá apenas 1,5%.

O Rabobank, um banco de cooperativa holandês, de muita profundidade e conhecimento no agronegócio prevê um PIB brasileiro em 2022 de 0,6% de crescimento e uma agropecuária crescendo apenas 3,5% sobre o ano anterior.

As demais instituições financeiras seguem a mesma visão com decimais a mais ou a menos, porém todas diminuem a expectativa do PIB brasileiro associado ao decréscimo da agropecuária, e o motivo está como a CNA, Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária se pronunciou em solicitação ao governo, pedindo: auxílio emergencial aos produtores que perderam safras por estiagem no sul, sudeste e centro oeste; e outros por enchentes em Minas Gerais e Bahia.

Da mesma forma comentamos semana passada que o setor de suinocultura se encontra a beira da pior crise da sua história, segundo Marcelo Lopes presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos, em função dos custos de produção, exatamente com menos grãos a preços elevadíssimos, principalmente o milho.

Conversei com outros líderes dos setores do leite, ovos, frangos, da ração animal, e todos convergem para o mesmo ponto da CNA e da ABCS. Estamos numa grave crise do setor da proteína animal, cuja alimentação é o grão, e ao conversarmos com agricultores de soja e milho, além da preocupação com o clima, uma incerteza grande, onde dependemos agora da safrinha do milho principalmente, até abril, há outro receio com os custos para fazer as lavouras, com fertilizantes, defensivos, sementes, diesel, máquinas.

Então perante um cenário como este, uma dependência umbilical hoje da agropecuária, para que o PIB não tenha zero de crescimento, ou pior, seja negativo em 2022, pergunto aqui no Agroconsciente: qual a parte da consciência que está nós faltando para não sermos dominados pelas incertezas, que segundo Daniel Kahneman, prêmio Nobel da economia 2002, é o fator mais certo dentre todos numa perspectiva econômica?

Fica claro que o setor industrial brasileiro não está competitivo, o comércio idem e os serviços não geram valor. Portanto, quando falamos de “agronegócio” um conceito que inclui fortemente a indústria, o comércio e os serviços, estamos hoje no Brasil totalmente dependentes da agropecuária, o dentro da porteira.

O que nos falta? Planejamento estratégico integrado, agricultura, ciência, indústria, comércio e serviços. E pelo menos, enquanto não resolve o resto, muito mais gestão, mais produção, mais programas que incorporem imediatamente terras agricultáveis degradadas para plantar já, pelo menos os grãos, e se der um pouco mais de trigo e feijão.

Enquanto porco, aves e frangos dependem da importação do milho, vivemos uma pauta hipnótica, discutindo fake news, xingamentos, raivas e ódios, numa campanha eleitoral que será um doutorado de bullyings mediáticos. Ainda dá tempo.

Mais grão no chão, agricultores e criadores preservados, e muito obrigado por existirem, e que os recursos financeiros venham para o grão, muito antes de verbas para agradar esta ou aquela facção político ideológica, e propaganda para eleição. Nunca precisamos tanto da agropecuária como nesta crise planetária. Foco no grão, a curto prazo é só o que temos na mão.
 

José Luiz Tejon para  Eldorado/Estadão.

 

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