CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Quem tiver mais recurso para investir na ciência e tecnologia comandará o novo agro da mudança climática mundial

Publicado em 21/06/2023

Divulgação
COP 30, em Belém do Pará.

“US$ 1 trilhão na Europa para investir em negócios que mitiguem os efeitos das mudanças climáticas”. A quem o futuro pertence? Marcelo Britto, coordenador técnico do Centro Global Agroambiental e da Academia Global de Agronegócio da Fundação Dom Cabral registra no seu artigo para AGFeed que vamos para uma Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP 30, em Belém do Pará, mas “ diante de olhos míopes”.

Britto relata que o Banco Europeu de Investimento (BEI) abriu uma linha de crédito na Europa (a 2ª maior economia global) de US$ 1 trilhão para tecnologias disruptivas que irão transformar a produtividade em todos os sentidos da produção de alimentos, energia, fibras, insumos, farmacêutica com modelos revolucionários. Esse recurso é 50% de todo PIB brasileiro e quase o dobro de todo movimento do agro do país.

Ele chama atenção para a disruptiva revolução dos próximos anos que será totalmente baseada em ciência, com o termo SBC Soluções Baseadas em Ciência.  Da mesma forma Xi Jinping, na China (hoje a 3ª maior economia do planeta), proclama prioridade absoluta em pesquisa e tecnologia.

Nos Estados Unidos (a maior economia do mundo) o IRA – Inflation Reduction Act está aportando US$ 250 bilhões para novos investimentos e modernização de atuais. Marcello Brito no seu artigo salienta algo que também me deixa curioso, que é a destinação de US$ 20 bilhões em projetos relacionados à energia para tribos, sim, para povos originários norte-americanos.

No Brasil (na 12ª posição econômica planetária), ainda estamos perguntando cadê os US$ 100 bilhões anuais que foram combinados quando iniciou a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP15/MOP5), em 2009, em Copenhague na Dinamarca e terminou na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP15) de Montreal, no Canadá, para apoiar os países em desenvolvimento?

As regras impostas agora pelo Green Deal, impedindo a importação pela Europa de carne bovina, soja, café, cacau, madeira, azeite de dendê, papel, de áreas desmatadas após 2020, mesmo que estejam em conformidade com a legislação do país, assim como nos Estados Unidos onde deverá ser aprovada a Forest Act com o mesmo princípio, estamos frente a um processo de elevadíssima desigualdade econômica.

Não temos recursos para investimentos neste nível de apropriação, portanto acende-se uma luz vermelha bem cintilante onde as autoridades e lideranças do Brasil precisariam colocar um gigantesco foco nas iniciativas científicas de cada bioma brasileiro, e nos seus microbiomas.

Há um papel fundamental para a Embrapa que há 50 anos abriu as fronteiras do conhecimento para uma agricultura tropical, onde agora precisamos desbravar um agro bio tropical climático, cuja “magia” não tem mágica, tem simplesmente investimentos robustos e eficazes na ciência numa produtividade que fará mais com menos e onde a saúde do ambiente passará a contar e ser contada no valor das originações. Um mundo muito mais SBC – Soluções Baseadas em Ciência definindo a performance das SBN – Soluções Baseadas na Natureza.

Precisamos alianças e atração de elevados capitais internacionais para investimento em ciência e tecnologia brasileira para geração de negócios dentro desse novo agro bioclima business e velocidade é a mudança de todas as mudanças.

Não temos mais tempo para perder tempo no pantanoso reino das “distrações”. Foco é sagrado com estratégias convergentes público privadas. E a partir disso o planejamento de marketing cumprirá missão essencial.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

As perdas por razões climáticas são fatos concretos de tenebroso risco para produtoras e produtores rurais. Se trata de uma atividade sujeita a diversos fatores incontroláveis, e um deles comandado por “São Pedro”: o clima. Temos registrado perdas consideráveis nas três últimas safras, inclusive agora em parte dos Estados do Sul.
O agronegócio significa, pelo último levantamento do Cepea/CNA, 27,4% do PIB do Brasil. O PIB 2021 ficou em R$ 8,7 trilhões, então o PIB do complexo agroindustrial inteiro somou R$ 2,383 trilhões, ou seja, praticamente R$ 2,4 trilhões, o que em dólar de hoje R$ 4,84, significaria um montante de cerca de US$ 495 bilhões.
Conversei com João Dornellas, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos e Bebidas (Abia), que apresentou o balanço 2022. Batemos recorde no setor, superando R$ 1 trilhão, houve o crescimento da importância da indústria de alimentos e bebidas sendo responsável por 10,8% do PIB do país.
Estou em um encontro de executivos de cana-de-açúcar em Ribeirão Preto e um item que me chamou muita atenção foi o crescimento da Inteligência Artificial (IA) e de robôs na atividade da cana-de-açúcar. Conversei com o Emerson Crepaldi, COO da Solinftec, empresa que está desenvolvendo um trabalho de robôs com IA, e uma questão que me apareceu muito importante é: qual é a importância dessa tecnologia para o crescimento da agricultura no mundo e ao mesmo tempo enfrentamento de adversidades climáticas?
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite