CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Summit Estadão ESG 2021 revela a realidade esperançosa para o Brasil

Publicado em 28/06/2021

SUMMIT ESG 201

ESG, environment, social, governance são três letras que incluem todo o abecedário que nos leva ao futuro. Na palestra de abertura do Summit ESG Estadão ouvimos o inglês John Elkington, de 71 anos, considerado um dos criadores desse movimento global, que prega agora o capitalismo regenerativo. A síntese de suas palavras é: “a mudança tem de ser do sistema todo”.

Então, ao falarmos de Brasil, cujo complexo de agronegócio, do antes, dentro e pós-porteira das fazendas impacta diretamente 1/3 do PIB e indiretamente outro tanto com sua demanda derivada industrial, comercial e de serviços; caminharemos obrigatoriamente para o meio ambiente, responsabilidade social e com governança para tudo o que significa alimento, bioenergia, fibras e demais derivados dos campos, águas e mares.

Em paralelo recebi de Cléber Soares, secretário adjunto de inovação do Ministério da Agricultura uma inquietante provocação. Ele me mandou a lista das 100 maiores companhias do planeta, e o valor que elas atingem. São gigantescas superpotências. E para dar uma ideia, a mais valiosa delas, a Apple vale 2 trilhões e 51 bilhões de dólares. Quer dizer, é maior do que todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, hoje na casa de 1 trilhão e 400 bilhões de dólares.

Comentávamos que o Valor Bruto da Produção agropecuária brasileira, quer dizer, a soma de toda a agricultura e pecuária do país, para 2021 deve atingir o record de 1 trilhão e 111 bilhões de reais, dividido por um dólar na casa dos R$ 5,00, significa em dólar algo como US$ 223 bilhões, ou seja, a Apple sozinha vale mais do que 9 vezes toda a nossa agropecuária. E no campo fora das big techs, uma Coca Cola vale tanto quanto o Valor Bruto da Produção agropecuária do país.

Dessa provocação incomodante, ao partirmos para um país ESG, um agronegócio total ESG, podemos perguntar então qual seria o valor de uma Amazônia, de um pantanal, dos nossos biomas protegidos, em paralelo a uma agricultura sustentável, com uma agroindústria estimulada, como já sabemos realizar com integração lavoura pecuária e floresta, e o Programa ABC de baixo carbono?

Com certeza alimentos tropicais, segurança planetária, saúde ambiental do solo, das plantas, dos animais e dos seres humanos; olhar o país e o agro brasileiro como ESG representa mudança mental e busca de agregação de valor exponencial. A agricultura e a pecuária para o próximo ano não conseguirão sozinhas sustentar a economia do país.

A crise hídrica, São Pedro, já derrubou o milho em 16%; a cana vem vindo com 7% a menos; a laranja menos 30%; o cafe 22% menos com outros menos 18% do algodão, nos informa José Roberto Mendonca de Barros, no Estadão de domingo (27), Página B4. Os pastos secos diminuirão a produtividade da pecuária de corte e leite e os custos elevados da ração trazem prejuízos para aves, ovos, suínos e o gado confinado.

Mas é exatamente de um cenário onde precisamos de uma retomada sustentável da economia que um agroconsciente pode construir e extrair valor com inovação, tecnologia, sustentabilidade e educação do mais importante elemento para a vida do planeta que sempre foi, mas que agora carrega a devida luz do seu significado para a saúde das pessoas e da terra: ESG.

No Plano Safra os recursos para o Programa ABC dobraram de tamanho. Esse é o nosso destino para valorização do agro. Desmatamento ilegal não interessa ao agro legal e, com certeza, o agronegócio brasileiro não deve funcionar como fachada para as atividades ambientais criminosas ocultar. ESG para o país e para o agronegócio. Um não conseguirá sem o outro. A nação inteira precisa se transformar. Não se trata de otimismo, pois isso é tolo. Nem de pessimismo, pois isso é chato. Fico com o paraibano Ariano Suassuna, sou um realista esperançoso.

O Brasil precisa dobrar o agro de tamanho, e como diz a ministra Tereza Cristina, “podemos fazer sem derrubar uma só árvore”; e a ciência com a agroindústria, comércio e serviços nos acompanhará tendo agora a bioeconomia, as finanças verdes, e o novo capitalismo regenerativo. Entramos na era da conjunção e, não mais do ou. Agronegócio, sustentabilidade, responsabilidade social e governança de valor para todos.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Hoje, 10 de maio, Dia Mundial do Frango, custos crescentes, 11 unidades exportadoras fora da lista para Arábia Saudita e o setor pede informação antecipada de exportações, assim como ocorre em outros grandes produtores de grãos.
Nesta semana um importantíssimo simpósio está acontecendo na cidade de Piracicaba, no “Pecege”, um instituto sem fins lucrativos, Pesquisa e Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas localizado no Parque Tecnológico de Piracicaba, reunindo mestres, pesquisadores, startups, estudantes também da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Esalq/USP, hoje uma das cinco melhores universidades de ciências agrárias do mundo.
Estou hoje no porto mais espetacular do agro do planeta, até porque eu sou santista, que é o porto de Santos e conversei com o Eduardo Lustoza, engenheiro e diretor da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Estruturas de Santos e ex-diretor da autoridade portuária. E temos um aspecto importantíssimo para olhar é que o agro brasileiro vai dobrar de tamanho em 10/12 anos, cresce muito mas as estruturas logísticas não na mesma dimensão.
Alimentos e agronegócio são plano de segurança de estado nas nações mais ricas e poderosas do mundo. Não é à toa. A história humana revela que alimento sempre foi uma arma de gigantesco poder nas guerras das nações e impérios. O Brasil é um fenômeno espetacular, pois nos últimos 60 anos se transformou na 4ª maior agricultura do mundo, e no maior exportador de proteína animal. E competindo com modelos agrícolas totalmente protegidos e subsidiados do hemisfério norte.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite