CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Terras agricultáveis sustentáveis, o ativo forte do século XXI

Publicado em 04/03/2024

Divulgação
Haverá uma grande valorização das terras, pois os planos em andamento envolverão tecnologias inovadoras tropicais como integração lavoura, pecuária e floresta.

Nos últimos três anos o valor do hectare das terras agrícolas multiplicou por três vezes. Para este ano, em função da queda dos preços das commodities, deverá ocorrer uma acomodação nos patamares atuais, inclusive do arrendamento. Anderson Galvão, diretor da Céleres Consultoria, analisa o fator terras agrícolas neste momento para nós:

“A visão da Céleres sobre o comportamento recente, e o que esperamos para o valor da terra agrícola no Brasil, é que se olharmos ao longo da história a terra agrícola no Brasil teve algumas funções, entre elas a de reserva de valor, principalmente nos períodos de alta inflação no país. Na medida em que uma série de tecnologias se tornam eficientes e a terra agrícola passa, de fato, a gerar renda, com o crescimento da produtividade da soja no Cerrado, antigamente se falava Cerrado nem dado, nem herdado, não tinha tecnologia para produzir naquela região. Então a terra agrícola passou, sim, a ter valor e o valor vem da capacidade dela gerar caixa, de gerar riqueza. E como a capacidade de gerar caixa cresceu muito nos últimos anos, naturalmente o valor da terra agrícola também cresceu. Agora para os próximos anos esperamos uma certa acomodação, como já aconteceu no passado, e essa acomodação mantém o valor da terra até que, de novo, tenhamos um evento que dispare a renda da agricultura, como foi entre 2019 e 2022, de tal forma que agora nós pegamos uma estabilidade do preço da terra agrícola. Paralelo ao preço da terra agrícola nós falamos muito também do arrendamento. Esse, sim, tem um comportamento muito mais volátil, muito mais responsivo às oscilações de mercado. Então, por exemplo, agora com a queda da renda da soja, do milho, da pecuária, é natural que também o valor dos arrendamentos comecem a ceder agora em 2024 e 2025, talvez mais em 2024, porque nós entendemos que muitos agricultores ainda estão queimando gordura, gorduras essas acumuladas nos últimos anos, segurando, consequentemente, o valor do arrendamento. Mas em um ajuste marcado entendemos que, sim, o arrendamento também passa por um processo de acomodação”.

Anderson Galvão explica que quando existem as condições para as terras agrícolas gerarem maior riqueza, em função das tecnologias e demandas dos mercados, esse ativo se transforma em um dos mais atrativos dentre todos.

E fica aqui nossa visão para os investidores a respeito do plano de transformação de 40 milhões de hectares de áreas de pastagens degradadas no Brasil em cultivos modernos. Haverá uma grande valorização dessas terras, pois os planos em andamento envolverão tecnologias inovadoras tropicais como integração lavoura, pecuária e floresta, onde o mercado de carbono terá um excelente fator de valorização dessas terras além da diversificação das culturas a serem ali produzidas.

Terras agricultáveis sustentáveis, sem cortar uma árvore, plantando árvores e mitigando carbono, o ativo forte do século XXI.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

Também pode interessar

Ano difícil 2024 com impactos climáticos, o gigantesco trauma do Rio Grande do Sul. Tivemos secas e grandes incertezas internacionais interferindo nas expectativas das commodities.
Com abertura do ministro Marcos Montes, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e moderação de Sérgio Zen, diretor executivo de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento apresentou as perspectivas da próxima safra 2022/23.
Hoje apresento o resultado de uma pesquisa que foi feita na Europa, de percepção do agro, do que os consumidores estão querendo e no que esse estudo pode ajudar o Brasil. A pesquisa revela a tendência do consumidor europeu e essa tendência está fundamentada em duas bases: uma é preço, em função da base da pirâmide que sempre tem o fator preço e busca de preço e um outro tema importante e interessante que é riscos.
Ao encerrar os trâmites no Senado neste final de ano, o setor agropecuário não aderiu ao projeto, sob uma correta alegação da “inexistência de métricas científicas confiáveis para mensurar essas emissões”. Mas pergunto, o agronegócio estará fora desse mercado de carbono? Mesmo? Claro que não.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite