CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Por que todos os líderes do agro se surpreenderam com suspensão do Plano Safra? Fiquei surpreso aqui da França!

Publicado em 24/02/2025

Divulgação
Plano Safra 2024/2025 tem financiamentos suspensos pelo Governo.

Aqui na França o que mais me surpreendeu foi ver todos os líderes do agro serem surpreendidos com o ofício suspendendo financiamentos subvencionados do Plano Safra. Porém o ministro Haddad já informou que estará resolvido nesta semana com uma MP especial colocando cerca de R$ 4 bilhões no Plano Safra.

Recebi manifestações de praticamente todos indignados com esse ofício do Ministério da Fazenda. O ofício foi assinado pelo Secretário do Tesouro Nacional Rogério Ceron de Oliveira. Nesse documento ele suspende as novas contratações de financiamentos com subvenção federal nas linhas do Plano Safra 2024/25, a partir de 21/2. Nesse documento é apontado o aumento dos custos do governo, que aguarda a tramitação do projeto de lei orçamentária no congresso. Haviam alertas dos técnicos do governo que o orçamento para pagar a equalização dos juros estava quase esgotado com o aumento da taxa Selic.

O Ministério da Agricultura (Mapa) se manifestou da seguinte forma nas palavras do ministro Fávaro: “não podemos ser irresponsáveis a continuar fazendo equalização sem ter um orçamento aprovado. Nós estamos com duas situações: subiu a Selic e não tem orçamento aprovado. Tem que ser prudente, responsável e o Congresso precisa ter sensibilidade e votar rápido o orçamento, por que se não votar começam a ter consequências. O Plano Safra para “assim falou o ministro da Agricultura Carlos Fávaro.

A Frente Parlamentar da Agropecuária, através do seu presidente o deputado Pedro Lupion, registra: “culpar o Congresso Nacional pela própria incapacidade da gestão dos gastos públicos não resolverá o problema. A má gestão impacta no aumento de juros e impede a implementação total dos recursos necessários”.

O presidente da Faesp, Tirso Meirelles, disse: “lamento profundamente essa decisão do governo com o setor agropecuário. O governo perdeu o controle da política monetária e vai penaIizar o setor produtivo. Os R$ 476 bilhões anunciados no Plano Safra 2024/25, dos quais R$ 133,6 bilhões poderiam ser acessados em linhas com equalização de juros, garantindo taxas mais baixas, são importantes para dar musculatura principalmente aos pequenos e médios produtores que são a maioria.

Antonio da Luz, economista chefe da Farsul, ainda nos esclareceu que 3/4 do crédito rural é livre no país. Apenas 1/4 é controlado, sendo o Pronaf, da agricultura familiar.  Antonio da Luz ainda explica que o governo tem uma dívida vencendo este ano na casa de R$ 2,5 trilhões, e mais R$ 2,3 trilhões no ano próximo e se endividando a 15% ana o obriga a ter uma necessidade maior de dinheiro, explicando que o que foi orçado antes não é mais suficiente.

Então de todas as lideranças ouvimos cargas fortes de indignação, mas fica aqui a minha curiosidade. Perante tamanha importância e com sinais que técnicos do governo já haviam dado, por que fomos todos surpreendidos com este documento do tesouro nacional? Aqui da França onde os agricultores franceses conseguiram a aprovação de uma “lei de orientação agrícola para a soberania alimentar francesa”, defendida pela Federação Nacional dos Sindicatos de Exploração Agrícola (FNSEA), colocando a soberania alimentar acima das exigências dos ambientalistas, e permitindo que os agricultores franceses utilizem os mesmos insumos usados em outros países que não tenham substitutos na França. Significa aqui o “productivisme” versus o ativismo dos ecologistas. A medida foi aprovada dois dias antes da abertura do Salon du Agriculture de Paris ocorrido neste sábado 22/2.

Voltando ao Brasil, todos os líderes surpreendidos com o ofício do tesouro. Me causou muita estranheza e também surpresa.

Líder bom traz solução.

Líder ruim reclamação e acusação.

Precisamos, sem dúvida, resolver esse problema, pois a agricultura familiar não pode pagar o preço dessa desorganização. A MP já foi decidida após toda confusão, mas lideranças, precisamos aprender com esta lição.

Por que todos fomos surpreendidos?

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

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