Eldorado/Estadão - Um conselho de maestros e maestrina para a sinfonia da agrotecnologia
Publicado em 17/03/2023
DivulgaçãoO ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, instituiu pela portaria 53 de 14/03/2023 um grupo de trabalho com a “função de repensar o sistema nacional de pesquisa agropecuária” e fundamentalmente a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que completa neste ano 50 anos de vida e foi inspirada pelo ministro Cirne Lima, em 1970, e que teve no ministro Alysson Paolinelli seu fundamental realizador ao lado de muitos pesquisadores brasileiros.
Eu chamaria esse grupo de trabalho de um conselho de maestros, incluindo uma maestrina, para uma regência dos desafios que a ciência e tecnologia do agronegócio dos próximos 50 anos apresentam em todos os microbiomas brasileiros ao lado da biossegurança genética, sustentabilidade, mudança climática, digitalização, mecanização, práticas e manejos de plantas, águas, solos, animais, meio ambiente e saúde, tanto no meio rural quanto urbano.
Os maestros e maestrina convocados são sábios com obras realizadas para o país, nas suas vidas, que falam por si: Roberto Rodrigues foi ministro no primeiro governo Lula com um legado consistente para a pesquisa brasileira. Embaixador do cooperativismo na FAO, professor hoje com a cátedra na Esalq e faz dos seus pronunciamentos uma constância humana sempre ressaltando que agronegócio é paz, significa alimento.
Silvio Crestana, cientista que também foi presidente da Embrapa com um histórico de realizações concretas que superam o tempo sendo uma unanimidade como referência de equilíbrio e posicionamentos científicos.
Pedro Camargo Neto também tem no seu curriculum dentre uma vida a serviço da causa da prosperidade do agronegócio brasileiro, a justa referência no livro do prof. Ray Goldberg, “Food Citizenship”, criador do conceito de agribusiness em Harvard, como brasileiro citado, ao lado de grandes líderes internacionais, pela extraordinária batalha que realizou na OMC com o algodão brasileiro vencendo o protecionismo norte-americano à época, o que gerou recursos que foram investidos na pesquisa brasileira do algodão onde somos hoje o 2º maior exportador do mundo. Pedro representava o Brasil como secretário da produção e comércio do ministério.
Luís Carlos Guedes Pinto, da mesma forma com uma história de realizações que remonta a sua participação como membro do grupo de implantação da Embrapa em 1972/73 e chefe da assessoria técnica da Embrapa até 1982, professor, doutor, também ex-ministro da Agricultura, membro do conselho de diversas entidades públicas e privadas.
Ana Célia Castro, a maestrina, tem doutorado em ciência econômica, pós-doutorado na USP e Berkeley na Califórnia, com ênfase em economia institucional e sistema agroindustrial. Ana Célia é diretora da Escola Brasileira de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estes maestros e uma maestrina terão uma missão vital para o futuro do país e segurança alimentar, energética e ambiental do planeta terra, pois os próximos 50 anos, a partir de 2023 quando a Embrapa comemora seus primeiros 50 anos que mudaram a história brasileira para muito melhor, irá exigir uma integração e descobertas da inovação que farão do gene toda uma revolução operacional com impactos e decisões em todo entorno de um sistema tecnológico onde a saúde humana, dos animais, vegetais, solos, e do planeta será o sinônimo desse novo agronegócio, uma agrocidadania.
Conversando com o pesquisador da Embrapa, Décio Gazzoni, ele me mostrou apenas um exemplo dessa revolução do conhecimento onde pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas e Materiais desenvolveram através da genética um fungo que produz um coquetel de enzimas, e isto aplicado no setor da cana de açúcar aumentará consideravelmente o aproveitamento dos resíduos da cana para os biocombustíveis e o etanol de segunda geração. Este exemplo atuará também positivamente no aspecto ambiental com energias renováveis e muito menos gases efeito estufa.
Estes sábios maestros e maestrina estão convocados como voluntários sem remuneração e com foco num “sistema nacional de pesquisa” o que inclui necessariamente as participações estaduais.
Em 90 dias esperamos ouvir os acordes dessa sinfonia, pois sem a regência, instrumentos dispersos cada qual numa partitura e tonalidade distintas e ainda tomados pela burocracia só teríamos cacofonia, jamais sinfonia.
Pela autossuficiência da ciência e tecnologia do agronegócio brasileiro e tropical, parabenizo o ministro Carlos Fávaro pela portaria instituída.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.