CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - O Brasil é ruim de marketing agro, mas essa : “o arroz do governo versus o arroz do gaúcho brasileiro!”, merece o “asno de lata” da propaganda que sai pela culatra.

Publicado em 29/05/2024

Divulgação
Governo deveria comprar o arroz do Rio Grande do Sul ao preço justo para ajudar os produtores gaúchos!

Ouvimos aqui entidades e líderes sérios com dados e fatos nas mãos sobre o assunto do arroz. Aliás, um produto que carece de ações de valorização perante o consumidor, pois ao longo de anos, onde cresce a renda, cai seu consumo.

Ouvimos Abiarroz, Associação Brasileira da Indústria do Arroz, ouvimos Federarroz, Federação dos Produtores de Arroz, ouvimos o economista chefe da Farsul, Antônio da Luz, e o ponto comum a todos é: “temos arroz para abastecer o país, precisamos equacionar a logística com velocidade, mas não falta arroz no Brasil”.

Mas o que nos deixa perplexos é de fato a incompetência na utilização do risco de faltar arroz, hipótese negada pelos órgãos envolvidos na produção e industrialização, num momento de dor e sofrimento do Rio Grande do Sul, onde pedimos ao país e ao exterior ajuda, exatamente nessa hora ocorre a falta de fundamentos humanos para pegar o item onde o Rio Grande do Sul é o maior provedor nacional, o arroz irrigado, e a partir disso transformar essa circunstância fake em uma ação de propaganda manipuladora, colocando nos supermercados o arroz do governo, com preço a R$ 4,00 o quilo, abaixo dos R$ 5,00 ou R$ 6,00, que está sendo praticado.

Muito mais inteligente seria, então, o governo comprar o arroz do Rio Grande, ao preço justo aos produtores gaúchos e se quisesse então, junto com a indústria e o comércio, fazer o marketing ético: o arroz paga 7% de imposto no Rio Grande nas transações para o Estado de São Paulo, por exemplo, importar arroz não é novidade nenhuma. Do Mercosul com alíquota zero na importação e até abril de 2024, a Tailândia já significava 18,2% do arroz importado. Portanto, exportar e importar está hoje no jogo normal do agronegócio, assim como no trigo, por exemplo, somos importadores, mas também exportamos.

Portanto, marketing ético neste momento com a tragédia gaúcha seria o de valorizar o produto do Rio Grande do Sul e, isso sim, impostos zero, até escoar atual safra, e os movimentos normais de importação, que seguissem seus rumos sem fazer disso uma péssima propaganda que terá consequências nefastas para o país nas próximas decisões de safras.

Na ausência de um plano nacional de agronegócio, que o bom senso pudesse prevalecer, pelo menos em situações tão dramáticas e emergenciais como esta.

Péssima ideia. Péssima decisão. Polarização. Burrice, com todo respeito ao animal, mas neste caso falamos do animal humano (ou desumano).

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

Também pode interessar

Vamos ficar de olho nos programas das candidaturas para as eleições este ano. Além, e acima de nomes, quero ver a qualidade e a convicção do planejamento estratégico do agronegócio. Pois sem isso, um setor que impacta diretamente 1/3 da economia do país, além de ser decisivo no combate à fome, eu não acredito em plano de crescimento econômico do Brasil e social, sem um projeto detalhado de todas as cadeias produtivas do agronegócio.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion, nos explicou as prioridades desta semana em Brasília. Uma convocando o ministro da Educação a respeito de questões do Enem com enunciados críticos ao agronegócio, e outra sobre o marco temporal na questão da demarcação das terras indígenas.
Agronegócio para ser agronegócio exige administração e coordenação do sistema de cadeias produtivas reunindo a agropecuária com o comércio, a indústria e os serviços. Este “design thinking” integra o estado da arte da ciência, de todas as áreas de exatas, biológicas e humanas onde sem administração e governança não obtemos o resultado da conjunção do antes, dentro e pós-porteira das fazendas.
A cidade de São Paulo tem 265 cooperativas *(matrizes + filiais, Fonte: OCB), sendo a maior cidade do país com a presença da instituição cooperativista. Um setor que onde se faz presente eleva o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), impacta o valor adicionado no PIB do país em mais de R$ 400 bilhões, propicia o aumento de empregos, de abertura de novas empresas e que na soma do seu movimento econômico financeiro, hoje, no Brasil, todas as cooperativas reunidas somam anualmente cerca de R$ 700 bilhões, com quase 24 milhões de pessoas envolvidas, e com perspectiva de crescimento atingindo R$ 1 trilhão e reunindo 30 milhões de cidadãos até 2027.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite