CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Dra. Thais Vieira, 1ª mulher diretora da ESALQ

Publicado em 09/08/2023

Thais Vieira, diretora da Esalq

Estou hoje (9) em Piracicaba, em uma das melhores escolas de ciências agrárias do mundo, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), e aqui com uma inovação gigantesca e em 122 anos de história dessa universidade pela 1ª vez uma mulher na diretoria, Dra. Thais Vieira. Perguntei a ela como é o desafio de ser a primeira mulher na direção da Esalq.

“Na verdade eu não vejo muito como um desafio, eu vejo como um processo natural. As mulheres felizmente foram ganhando espaço em todas as áreas do agro. As alunas aqui na Esalq já são maioria nos nossos cursos de graduação e em boa parte dos cursos de pós-graduação também. Temos muitas professoras, mas ainda não tínhamos tantas mulheres nos cargos de gestão, nas posições mais estratégicas. Antes de ser diretora eu fui também presidente da Comissão de Graduação da Esalq, curiosamente também a primeira mulher à frente dessa comissão. Peguei uma pandemia no meio desses quatro anos, foi de 2019 até 2022. Então é muito gostoso ver a alegria de todas as pessoas, não só das mulheres, colegas, mas dos homens também, de termos uma mulher nessa posição, mas eu vejo como algo necessário, poderia ter sido antes, nós tivemos várias pessoas que teriam todos os atributos para ocupar essa posição, mas a história foi assim”.

Então perguntei a Dra. Thais se a Esalq, como exemplo de competência educacional, qual a importância de todo o conhecimento da universidade para o país, para o agronegócio brasileiro e como ela enxerga a questão de atrair os jovens para a competência do mundo agronômico que permite uma formação em biológicas, em exatas e em humanas, ou seja, uma formação rica do ponto de vista pedagógico.

“Um fato importantíssimo é conhecimento que vem da pesquisa de excelência, que é feita na Esalq, nas várias áreas das ciências agrárias, desde uma composição de solo até o processamento de um produto agropecuário, pensando em aumentar a vida útil, ou seja, uma cadeia completa conseguimos ver aqui e ter uma boa formação graças a essa integração porque todos somos professores pesquisadores”.

Ou seja, na Esalq há uma visão de integração de conhecimentos e sobre sustentabilidade, e esses conhecimentos, essas cadeias estão presentes hoje fortemente na educação dos jovens agrônomos, questionei a Dra. Thais.

“Estão. Em uma análise bem pessoal eu acho que a sustentabilidade sempre esteve presente na formação em agrárias. Para os engenheiros agrônomos é inerente a própria formação pensar em sustentabilidade, não tem como pensar em uma produção que não se sustente em todos os aspectos. É claro que com a evolução do conhecimento, ultrapassando áreas de fronteira, novas tecnologias incorporadas, isso faz com que o entendimento dos conceitos sejam aprimorados, mas a sustentabilidade sempre esteve presente e continua estando. Nós temos mais de 17 mil alunos formados aqui na Esalq. Então é uma frente muito presente, trabalhando no país inteiro, no exterior, levando um pouco do conhecimento do que foi aprendido aqui para os vários setores do agronegócio”.

Muito bom, uma entidade lucrativa e de excelência, no mundo das ciências agrárias, e com uma visão do Agroconsciente.

“É uma oportunidade para quem está em dúvida sobre o que fazer pensando nos jovens. Engenheiro agrônomo vai trabalhar em qualquer coisa relacionada a esse campo que é imenso e com muita competência”.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Em 25 janeiro a cidade de São Paulo completou 468 anos e a sua ligação com o agronegócio é umbilical. Comandou o plano de valorização do café, no início do século XX. Empresários paulistas afirmaram: “sabemos produzir café, não sabemos comercializar”, e assim também criaram a primeira faculdade de gestão de negócios do país, a Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, FECAP, em 1902.
Ao encerrar os trâmites no Senado neste final de ano, o setor agropecuário não aderiu ao projeto, sob uma correta alegação da “inexistência de métricas científicas confiáveis para mensurar essas emissões”. Mas pergunto, o agronegócio estará fora desse mercado de carbono? Mesmo? Claro que não.
Na palestra de abertura do Summit ESG Estadão ouvimos o inglês John Elkington, de 71 anos, considerado um dos criadores desse movimento global, que prega agora o capitalismo regenerativo. A síntese de suas palavras é: “a mudança tem de ser do sistema todo”.
Conversei com a diretora do Instituto Biológico de São Paulo, Ana Eugênia, que faz aqui no Jornal da Eldorado um convite a todos os ouvintes e leitores do Blog Agroconsciente.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite