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DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Debate não apresenta propostas estratégicas para o agro no próximo governo

Publicado em 30/09/2022

Divulgação TV Globo
Debate dos presidenciáveis 2022, na Globo

No último debate entre os candidatos o agronegócio recebeu menções pontuais, citações praticamente no meio de muita acusação e confusões. Com o padre Kelmon dizendo que muitos ali, inclusive os jornalistas, precisariam de catequese. 

Muito bem, voltando ao agro. Simone Tebet mencionou que meio ambiente e agronegócio são uma coisa só e apoiou o Plano Safra e a agricultura familiar.

Lula falou que temos 30 milhões de hectares de pastagens degradadas onde poderíamos plantar sem tirar uma árvore e mencionou a agricultura de baixo carbono.

Soraya associou ter o imposto único como desoneração dos alimentos e combate à fome. Bolsonaro trouxe que o agro brasileiro alimenta 1 bilhão de pessoas no mundo. D’Avila também apontou o crescimento do agro como importante. E ficou nisso.

Um setor que envolve diretamente cerca de 30% do PIB quando somados todos os seus agentes desde a ciência e a tecnologia, passando pelos produtores rurais e seguindo na industrialização, comércio e serviços. Setor esse que gera renda e impacta outros 30% do PIB em tudo o que envolve o próprio agro, basta visitarmos qualquer cidade brasileira onde o agronegócio se desenvolve e vamos ver a prosperidade nas escolas, comércio e serviços. Nenhuma palavra no debate mencionou cooperativismo.

As cooperativas significam 53% da produção de grãos, os estudos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) revelam que onde existe uma cooperativa a distribuição da renda e a dignidade são melhores. Nenhuma palavra foi mencionada sobre o combate à pobreza e à miséria no campo.

E nenhuma palavra foi oferecida sobre metas, o que um agronegócio com planejamento poderia dobrar o PIB do agro de tamanho atingindo cerca de 1 trilhãon de dólares, e com isso consequentemente podendo fazer o Brasil crescer econômica e socialmente de forma significativa.

Com relação a planos racionais de crescimento do Brasil e propostas envolvendo ações estruturais no agronegócio, no cooperativismo, no acesso a mercados internacionais, e no efetivo combate à fome gerando empreendedorismo, dentro inclusive do próprio agro, onde cerca de 4 milhões de famílias agrícolas em pequenas propriedades vivem fora do mercado e da ciência, nada disso surgiu.

Bem como, do outro lado, uma convocação para as grandes corporações, as confederações nacionais empresariais reunidas trouxessem à iniciativa privada viva do país para atuar num plano estratégico ao lado do novo governo. Ou seja, no último debate o tema ambiental surgiu, a fome surgiu, mas não vimos um justo tempo de apresentação de propostas para o setor que significa potência agroalimentar, agroenergética e agroambiental.

Brasil, único país do mundo que tem nome de árvore. Que a sociedade civil organizada do país no agronegócio assuma o protagonismo. Precisamos esperar menos de governos.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

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