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DE LÍDER

José Luiz Tejon

Rádio Eldorado/Estadão - “Terroir la commodity aqui?” Acordo União Europeia Mercosul é vital para a Europa

Publicado em 17/12/2025

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Terroir la commodity aqui?

Após 25 anos neste sábado (20), em Foz do Iguaçu, haverá uma decisão de assinar ou não esse acordo de livre comércio entre o bloco europeu com o Mercosul. Os agricultores franceses fortemente contrários alegam que não conseguirão competir com os sul-americanos, mas obviamente manipulados por facções políticas, e objetivos de votos que se aproveitam da percepção da população francesa, sobre a segurança do país e se apresentam como defensores patriotas, como Marine Le Pen líder da ultra direita.

Por outro lado, Alemanha e Espanha aprovam o acordo e o ministro da agricultura espanhol Luís Planas disse em Madrid: “esperamos que a comissão avance com o Mercosul nos próximos dias pois trata-se de uma questão fundamental”.

Salva guardas foram aprovadas para apaziguar o “medo” estimulado por políticos, dos agricultores europeus, que contam com subsídios gigantescos há muitos anos, um brutal protecionismo agrícola, inimagináveis quando comparados aos nossos agricultores que têm construído um crescimento em ambiente hostil tropical, terras não férteis totalmente dependentes de fertilizantes importados, com sangue, suor e lágrimas de fato ao estudarmos a luta dos pioneiros do cerrado brasileiro, caatinga, pantanal, etc.

Portanto é totalmente desbalanceada essa questão que não resiste a análise concreta de situações concretas.

A proteção aos produtores europeus aprovada ontem (16) explicita que se um produto do Mercosul apresentar um preço de pelo menos 5% inferior ou igual da União Europeia, e se a dimensão dessas importações isentas de direitos aduaneiros aumentar em mais de 5%, está autorizada intervenção.

Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse esperar poder assinar o acordo.

O presidente Lula disse ontem (16) no Palácio do Planalto: “não estão querendo assinar o acordo porque o povo está meio rebelde na França. Mesmo eu dizendo a ele, ao  Macron, que o Brasil não compete com produtos agrícolas franceses. São coisas diferentes”.

Tirando a forma popular dessa colocação, quando olhamos a Europa hoje, fundamentalmente a França, onde existe esse movimento de proteção aguerrida dos seus agricultores, de verdade temos na França “terroir”, produtos de valor agregado, muito voltados as experiências gastronômicas, como as Pomme de terre, batatas deliciosas em Restaurantes de Nantes, ou maçãs para as deliciosas sidras, além dos vinhos, lácteos, queijos, champagne, cognac, vinhos, cogumelos, e suprimento de restaurantes como L’entrecote com carnes locais.

Sem dúvida nessa questão Lula está certo, o Brasil tropical é ainda totalmente “commodities” que receberão agregação de valor na agroindústria europeia e que servirá para assegurar o suprimento para todo setor agroindustrial, comercial e de serviços europeus na competição com custo e qualidade a nível mundial, inclusive competindo com o maior agribusiness do mundo os Estados Unidos de Trump. Anos atrás nos Estados Unidos criaram uma frase assim: “agricultura aqui florestas lá” como se fôssemos impedidos de produzir alimentos no Brasil. Agora poderíamos dizer Terroir lá, commodity aqui?

Menos de 2% o PIB agrícola da França. 98% está num complexo fora das fazendas francesas cada vez mais pressionadas por dificuldade de sucessão, enorme concentração hoje comparado há 30 anos.

Dificilmente a Europa irá deixar de fazer esse acordo, pois os interesses econômicos e estratégicos europeus são, a curto prazo, muito mais fundamentais para a Europa do que para o Mercosul.

Será bom para todos, neste momento seria uma sinalização poderosa de potenciais acordos comerciais positivos em meio a guerra anticomercial dos Estados Unidos.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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