CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Biometanização: o gás natural renovável do agro na logística nacional

Publicado em 19/07/2021

Biometano

Estamos na era ESG (Environmental, Social and Governance). Agribusiness doravante se traduzirá por um “health system”, um sistema de saúde como o definiu o Prof. Dr. Ray Goldberg da Universidade de Harvard, criador do conceito de agronegócio nos anos 50. As corporações privadas do setor de carnes, ovos, leite, as suas cooperativas também, já estão sob compromissos e “compliance“ assumidos de entregar carbono zero ainda nesta década dentro das suas instalações e incorporar o seu “supply chain“ no mesmo engajamento.

As redes de supermercados, a ponta final do consumo passa a representar as vozes dos consumidores e convoca a cadeia de abastecimento para jogar junto, como vimos no último 17 de junho de 2021 no fórum da ABRAS - Associação Brasileira dos Supermercados. Poderíamos dizer: não há saída fora de ESG. Então um ponto extremamente relevante me foi apontado por Cristian Malevic, diretor da MWM, numa conversa que tivemos sobre motores e geradores para biogás, onde ele me revelou uma iniciativa fundamental para os procedimentos de tornar a pegada de carbono negativa: o biometano. 

A logística em torno da cadeia da proteína animal é movida a diesel, combustível fóssil. Tanto no antes das granjas e fazendas da pecuária, na entrega de insumos, ração, equipamentos, genética; quanto no pós granjas, com o transporte de animais, ovos e leite. Será preciso mudar urgentemente a matriz do combustível e os motores de máquinas e caminhões de transporte para que o setor da proteína animal possa dizer: ”estamos de fato ESG e carbono neutro“. 

Uma tecnologia sendo aperfeiçoada nos biodigestores permite extrair o biometano. No biogás normal, conseguimos de 55 a 70% de metano. No aperfeiçoamento deste processo vamos obter 90 a 95% de metano. Logo temos biometano, significa o biocombustível de biogás, que se transforma no único gás natural renovável. A MWM prepara neste momento uma solução de biometanização de veículos diesel, de modo que os caminhões do campo possam ser “movidos a biometano”, com um motor originalmente desenvolvido para tal. E as empresas do setor e suas cooperativas criarão uma rede de biometano que além de libertarem granjas e fazendas de um resíduo indesejável, estarão criando uma fonte de lucro produzindo gás natural renovável. 

Conversei com Marcelo Morandi chefe da Embrapa Meio Ambiente, que da mesma forma me adiantou que o biometano entrou no renovabio e que estão com Abiogás e Única iniciando programas envolvendo essa nova fonte energética. Importante igualmente para a movimentação da cana de açúcar, insumos e derivados, a partir da utilização dos resíduos nas usinas, gerando biometano. 

Não basta ser ESG só dentro das unidades de produção, precisa ser também nos meios de locomoção. Biometano é mais uma excelente opção como combustível, gás renovável natural, para a logística nacional: biometanização das frotas.

 

Também pode interessar

Conversei com Francisco Medeiros diretor-presidente da Peixe BR, a entidade que representa toda a cadeia produtiva da piscicultura, as fazendas de cultivo de peixe, que revela haver um movimento econômico na casa de cerca de R$ 20 bilhões anuais com o pescado no país, onde importamos aproximadamente a metade desse valor.
O New York Times fez uma matéria cujo título é: a última palavra indesejada nas corporações norte-americanas: ESG. Os CEOs estão refugando a utilização dessas três letras E.S.G., por entenderem que os esforços de ações conscientes são muito mais amplos do que um “acrônimo”.
Radicalismo, ódio, extremismo nunca deu liga com o Brasil. O Brasil não é perfeito. Como nada na terra é. Temos muito para aperfeiçoar, inclusive nas relações humanas e também em preconceitos. Porém se tem um que não pega aqui, nunca pegou e jamais pegará é o de imaginar ódio de sangue entre brasileiros por ilações místicas, ideológicas radicais. Brasil nunca foi comunista e muito menos nazista ou fascista.
O Jornal da Eldorado recebe hoje (6) Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Caio, que retorna à presidência da Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG) a partir de janeiro de 2022, e que já foi presidente da entidade de 2012 a 2018. Caio é especialista no mundo da bioenergia, bioetanol, formado na Esalq e diretor da Coplana.
© 2024 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite