CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Pergunta que não quer calar: “por que ao agronegócio não interessa desmatamento e o desmatamento vive perturbando o agronegócio?

Publicado em 25/06/2021

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Por que o desmatamento ilegal faz de tudo para se esconder sob o agronegócio?

Aí vai a “pergunta que não quer calar”, expressão famosa de Artur Xexéo, brilhante jornalista: se o agronegócio é contra o desmatamento ilegal, por que o desmatamento ilegal faz de tudo para se esconder sob o agronegócio? O maior inimigo do agronegócio brasileiro é desmatamento ilegal, é irresponsabilidade social, é a desgovernança das cadeias agroalimentares do país, gerando fome e redução da prosperidade econômica.

Ou seja, guerra, conflito e confusão estão a serviço de alguém. A quem interessa associar grileiros, contrabandistas, canalhas que se aproveitam da miséria de seres humanos, para assédios ilegais nas questões ambientais?

Saiu o ministro do meio ambiente, entre outras causas por uma denúncia dos Estados Unidos sobre madeira ilegal. Coisa de crime. Cresce o desmatamento na Amazônia não pelos agricultores, como os estudos sérios realizados comprovam. E vou aqui repetir a voz da própria ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, em diversos e constantes depoimentos, palavras dela: “O Brasil pode crescer e produzir alimentos para abastecer muito mais o país e o mundo sem cortar uma só árvore”. E no novo plano safra dobrou os recursos para a agricultura de baixo carbono, por exemplo.

Outros líderes como os ex-ministros Alysson Paolinelli, Roberto Rodrigues, e líderes de instituições e entidades empresariais reunindo ciência, produtores, indústria, comércio, serviço, supermercados, tradings exportadoras, como por exemplo Abag, Marcello Brito; e João Galassi, Abras, que reuniu todo PIB do agronegócio no 1º Fórum da cadeia nacional de abastecimento sob uma total visão ESG (environment, social, governance), em 17 de junho. E muitos outros.

E ontem (24), aqui no jornal Eldorado, numa ótima entrevista da Carol com Haisem, entrevistando a ex-ministra do meio ambiente, Marina Silva, prestem atenção, voltem e ouçam quem não ouviu, em momento algum a ministra Marina Silva citou agricultores como inimigos do meio ambiente. Ela se refere aos criminosos, contrabandistas de minérios, madeireiros ilegais; e atenção existem os legais que não podem ser confundidos com os ilegais, e acentuou os grileiros.

Então fica aqui “a pergunta que não quer calar”: a quem interessa o desmatamento e a ilegalidade ao agronegócio associar? Agronegócio quer exclusivamente a legalidade. Os consumidores de alimentos querem legalidade, os clientes do país querem legalidade.

Com certeza tem gente esperta, não passam de uns 100 pra ficar bem distante dos 300 de Esparta. São uns 100 líderes do crime que vêm tirando proveito da ausência da aplicação da lei. Não é lei nova não, lei velha. Polícia neles, e legalidade e saúde para o legítimo agroconsciente.

Ouvintes, esquisito isso. Aí tem cortina de fumaça muito mais densa do que a que sai das queimadas. Eu tenho uma sugestão, quer botar ordem no meio ambiente, chama a Embrapa Meio Ambiente, gente séria que sabe tudo, mas enquanto isso...

Ao novo ministro do meio ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, que pacifique, legalize e afaste do agro a ilegalidade. Boa sorte.
 

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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