CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Revisão do crescimento do PIB do agro enquanto a China retoma as compras da carne, mas os supermercados europeus bloqueiam

Publicado em 17/12/2021

Divulgação
Ipea

Com revisão dos números em 2021, o PIB da agropecuária cairá 1,2% ao invés de crescer 1,2%. Conforme aponta o Ipea, Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada, fundação pública federal vinculada ao Ministério da Economia. Isso se deve a revisão de contas do IBGE sobre os dados de 2020, que na verdade cresceu 3,8% e não 2% como havia sido contado antes. Portanto, a base comparativa com 2020 mudou.

E além disso, a queda na produção de bovinos no terceiro semestre, envolvendo o embargo da exportação da carne brasileira para a China, liberada nesta semana, e também do leite com queda de 4,9% no terceiro trimestre. E o milho foi a grande perda do ano. Então só a soja deve crescer neste ano, 10,5%. O clima adverso prejudicou cana de açúcar em 8,3%, laranja em 13,8%, e a Conab informou ontem a redução no café de 24,4% neste ciclo 2021/22 comparado ao ano anterior.

Para 2022 há a previsão do crescimento de 2,8% do PIB agropecuário com o crescimento dos bovinos, suínos, soja e da produtividade do milho. Portanto, poderemos superar 290 milhões de toneladas de grãos, mas tudo vai depender de São Pedro. Temos uma fortíssima dependência na economia do agronegócio, que por sua vez depende totalmente de São Pedro, e novos fatores surgem como sustentabilidade. Não basta falar, precisa provar.

Além dos custos de produção estarem elevadíssimos, o que irá exigir uma grande atenção na gestão das propriedades e na elevação da produtividade, quer dizer, fazer muito mais e melhor com menos.

E enquanto a China reabriu o mercado para a carne brasileira, fechado desde 4 de setembro por 2 casos da vaca louca considerados insignificantes pela Organização Internacional Sanitária, com méritos ao trabalho da equipe do Ministério da Agricultura do Brasil, agora supermercados europeus, como grupo Carrefour; Sainsbury’s do Reino Unido; Princess Group, empresa mundial de alimentos de Liverpool; o lidl da Holanda, que está ligada a outra cadeia alemã, a Lidl Stiftung; Auchan da França; Ahold Delhaize da Holanda, bloqueiam a carne do Brasil alegando originação em áreas de desmatamento ilegal. Áreas da cria, a “semente bovina”, e não as áreas de terminação. Dificílimo de rastrear. O estudo foi apresentado pela Repórter Brasil ao lado da Mighty Earth.

As 500 maiores corporações do agribusiness mundial definem 80% dos impactos e decisões do mercado e refletem seus consumidores. Portanto, ou coordenamos as cadeias produtivas ou seremos comandados de fora para dentro.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Conversei com Nelson Carvalhaes, um desses líderes espetaculares do comércio do café, diretamente de Santos. Perguntei a ele se nós podemos nos orgulhar do café brasileiro.
Alysson Paolinelli não trouxe o Nobel da Paz, mas não daremos paz nessa guerra pela extinção da fome na humanidade, onde Norman Borlaug em 1970 foi honrado com o Nobel pela revolução verde e Alysson a complementou na agricultura tropical brasileira.
Sobre as “trumpalhices” do atual governo dos Estados Unidos, a maior economia do planeta, conversamos com um brasileiro que teve uma experiência única numa ação contenciosa com os EUA na Organização Mundial do Comércio na questão do algodão, e saímos vitoriosos, é o Pedro de Camargo Neto que foi presidente da Sociedade Rural Brasileira, presidente da Fundepec,  agricultor, pecuarista, foi secretário de produção e comercialização do Ministério da Agricultura,  e o único brasileiro citado no livro americano “Food Citizenship”,  alimento e cidadania numa era de desconfianças.
Entrevistei Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, a maior representação de agricultura da soja brasileira. Ele comenta o Plano Safra, mas enfatiza muitíssimo a necessidade de maiores recursos para seguro rural e armazenagem.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite