Eldorado/Estadão - 12 erros que o próximo governo seja qual for não pode ignorar no agronegócio
Publicado em 07/10/2022
TCAOuvindo líderes do complexo do agronegócio brasileiro do antes, dentro e pós-porteira, além dos seculares problemas não resolvidos de reforma tributária, logística, privatização do Porto de Santos e um plano de estado para o futuro do agro brasileiro, colecionamos 12 erros que precisam ser evitados no próximo governo.
Precisamos de um plano, metas e responsabilizações. Sem isso seria como entrarmos em uma loja de Lego com todas as caixas abertas e as peças esparramadas no chão, e cada um berrando que a sua peça é a mais importante. Ninguém vai montar nada certo.
1 - Taxar as exportações dos produtos agrícolas.
2 - Falar mal de clientes internacionais do país.
3 - Politizar as relações internacionais fora da positiva história da diplomacia comercial brasileira.
4 - Criar estoques públicos que estraguem as relações de mercado, que hoje são por conta e risco dos produtores. Ações de filantropia com alimentos precisam acontecer, sim, mas fora do mercado.
5 - Ignorar que agronegócio envolve totalmente os setores industriais, comerciais e de serviços além da agropecuária, portanto precisa de valor agregado e coordenação das cadeias produtivas incluindo estímulos a diminuição da dependência de insumos tecnológicos, atuando na segurança genética, fertilizantes, química, mecanização e digitalização.
6 - Não coibir com tolerância zero os crimes do desmatamento ilegal, queimadas ilegais demonstrando as reduções à sociedade mundial, separando a percepção do crime daquele que produz dentro da lei onde temos a melhor agricultura regenerativa do mundo.
7 - Deixar cerca de 4 milhões de propriedades pequenas da agricultura familiar sem inclusão na ciência e nos mercados, e com isso não realizar o legítimo combate à fome e à egurança alimentar do país, como por exemplo produzir muito mais feijão.
8 - Não apresentar um planejamento estratégico com diversificação de mercados e de destinos do comércio agro brasileiro, estimulando marcas, marketing e produtos agroindustrializados versus commodities, e se comprometendo com metas de movimentos econômicos financeiros objetivos para o mandato de 4 anos. Por exemplo rotas para dobrar de tamanho o agro brasileiro nos próximos 8 anos no caminho do US$ 1 trilhão.
9 - Não dobrar os recursos para o seguro rural, atrapalhar a agroenergia do Renovabio, não dobrar a área irrigada do país, não resolver regularização de terras e do CAR – Cadastro Ambiental Rural, para justa proteção jurídica e dos riscos e incertezas para produtoras e produtores rurais.
10 - Não aproveitar o movimento mundial da bioeconomia transformando os 6 biomas brasileiros em ativos tangíveis de riqueza e distribuição da renda, criando um agroconsciente ESG, além de turismo rural ambiental.
11 - Não preservar investimentos na ciência com Embrapa e institutos, e não ser veloz na introdução de tecnologias no país e na educação profissional, empreendedora e cooperativista.
12 - Insistir no erro de se comunicar mal com o mundo e não reunir a iniciativa privada aos investimentos no Itamarati, Apex, Mapa, negligenciando um plano de vendas e comunicação de longo prazo.
Cada item destes, sem dúvida, sendo destrinchado ofereceria a governança mestra com metas e responsabilizações envolvendo os três poderes públicos e as representações da sociedade civil, unidos num só país, num só agronegócio para todos.
Conclusão. O plano, metas e responsáveis. Sem isso iremos cada um por si como numa loja de Lego com todas as peças de centenas de caixas esparramadas pelo chão. Nem gênio intergaláctico daria jeito.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.