CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Ótimos líderes versus fake líderes farão a diferença do agro que vai ao futuro

Publicado em 26/11/2021

TCA Internacional
Ótimos Líderes

Os cenários competitivos serão duros para o Brasil. Os eternos subsídios agrícolas, investimentos que os países fazem para produzir alimentos nos seus territórios pagando aos próprios agricultores, deverão crescer. Hoje está na casa de US$ 720 bilhões. Aliás, tem crescido quando olhamos os últimos 20 anos.

De 2018 a 2020 a China, o maior produtor rural do mundo, colocou US$ 234,4 bilhões no campo. Comparando com o Brasil, um dos que menos subsidia no mundo, colocamos apenas US$ 4,6 bilhões no mesmo período. A União Europeia subsidiou US$ 100,8 bilhões no período. Os Estados Unidos, o 2º maior produtor agrícola do planeta, subsidiou em US$ 94,3 bilhões. E a Índia, a 3ª maior agricultura do mundo ficou em US$ 123,1 bilhões. Dessa forma, a comparação com o Brasil, o 4º maior produtor do mundo, subsidiamos em 1 apenas um dígito, US$ 4,6 bilhões de 2018 a 2020. Somos de longe o menor subsidiador comparando as proporções.

Porém, a crise pandêmica evidenciou os problemas de dependências globais com crises de insumos, peças, componentes eletrônicos, princípios ativos, e neste momento o tema do fertilizante com o Brasil. A FAO alerta para a vulnerabilidade de cerca de 4 bilhões de pessoas relacionado à insegurança alimentar.

Entretanto se há algo que signifique segurança estratégica é o alimento. E o mundo anda desconfiado. Falta de confiança nas relações se acentuaram em paralelo com a pandemia, exacerbando polarizações ideológicas, políticas, religiosas, e passamos a ver riscos de embargos nos alimentos entre países. Colapsos do transporte também fazem parte desse risco. E inexplicáveis maus humores e arrogância por parte de vendedores aos compradores e logicamente reações dos últimos para os primeiros. Vide carne brasileira e China.

A Índia, neste momento, por exemplo, encabeça um grupo de emergentes que está buscando na OMC autorização para subsidiar de forma ilimitada o açúcar e demais produtos considerados essenciais para a segurança alimentar de suas populações. A Índia e o chamado G33, que envolve outros países como Paquistão, China, Indonésia e África, desenvolvem a busca de autorização permanente para prática de preços administrados objetivando estoques públicos, de forma irrestrita e ilimitada para muitos produtos agropecuários.

Mas curiosidade seria a própria receita federal do Brasil criar uma cobrança de 34% sobre o imposto de importação cobrado pelos Estados Unidos no suco citrico, fazendo com que a Cutrale a 2ª maior exportadora de laranja do Brasil passe a buscar suco no México para cumprir seus compromissos com a Coca Cola.

Desta forma parece que iremos ver protecionismos aos agricultores dos países, também expectativa de um empreendedorismo rural que melhore a condição de vida de milhões de pequenos agricultores, a desconfiança explicando a criação de estoques de segurança alimentar e também a própria receita federal brasileira criando esse imposto de renda na citricultura, além dos constantes ataques à Lei Kandir que não cobra impostos da exportação para commodities.

E em paralelo a tudo isso já entramos na era do carbono e do metano, é uma nova Alemanha com partido verde no comando da sustentabilidade. Problema ou oportunidade? Cada vez mais iremos ver a diferença entre ótimos líderes versus os fake líderes para o nosso futuro e do agro brasileiro.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

*ABRAS Associação brasileira de Supermercados, o gigantesco varejo com mais de 94 mil pontos de vendas e circulação diária em torno de 27 milhões de pessoas. Portanto um elo vital do sistema do agronegócio nacional.
Um estudo recente da consultoria LCA, em municípios com mais de 50 mil habitantes, revelou 4 das 5 cidades que mais cresceram na oferta de empregos, todas vinculadas ao sistema de agronegócio. São as cidades de Cristalina, em Goiás, que tem uma extraordinária diversificação de culturas com hortifruti, além dos grãos, produção de sementes, irrigação invejável, empresas de energia, serviços bancários, agroindústrias  onde ocorre também processamento, ou seja, agregação de valor industrial, e isso carrega empregos nas áreas do comércio e dos serviços.
O documento gerado no Mato Grosso, G20 Brasil 2024, tem como título: “construindo um mundo justo num planeta sustentável”, onde 84% da extrema pobreza no mundo é rural; (UNGA2023 – e acrescento que nessas circunstâncias se desenvolvem o crime e a ilegalidade ambiental/social, e recrutamentos de facções terroristas por ausência de perspectivas econômicas e de sentido de vida).
Aí estamos na boca da virada para 2022. Adeus ano velho, que fique para trás com suas tristezas, desventuras e sofrimentos. E que os incômodos gerados em 2021 nos inspirem para comandar 2022. O cenário não é dos melhores. Ano de eleições onde a fakewar, a guerra da desinformação, do castigo aos adversários, do bullying irá vicejar.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite