CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “A Amazônia poderá ser a grande solução energética alimentar ambiental do planeta”, afirma Roberto Rodrigues.

Publicado em 10/01/2024

TCAI
Tejon entrevista o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

Estou em Brasília e entrevistei o ex-ministro Roberto  Rodrigues, hoje professor emérito da FGV, a respeito do futuro do agro brasileiro. Suas visões dos desafios de insegurança alimentar, transição energética, transformação ambiental e desigualdade social e perguntei a ele como o Brasil pode superar esses desafios por meio do sistema do agronegócio do futuro.

“Eu olhando bastante o mundo contemporâneo, as crises que existem, guerras, ideologias, discussões, afastamento de pessoas, individualismo superando o coletivismo, eu acho que nós estamos em um mundo com quatro novos Cavaleiros do Apocalipse que são: segurança alimentar, segurança energética, mudanças climáticas e a questão da desigualdade social. Esses quatro fantasmas afetam o mundo inteirinho e eles podem ser resolvidos em grande parte com um agro sustentável e bem feito. Mas que agro é esse? É o agro do cinturão tropical do Planeta. É toda a América Latina, toda a África subsaariana, uma parte da Ásia também, porque nessa região do mundo tem terra para que se use eventualmente e a produtividade é muito baixa por ser muito verticalmente. Então eu acho que essa região tropical do mundo é que vai explodir a bomba que destrua os quatro cavaleiros do Apocalipse. Agora quem pode liderar isso aí? É o Brasil, porque o Brasil desenvolveu uma tecnologia tropical sustentável, inigualável no mundo inteiro, temos uma competência técnica, empresarial, boas políticas públicas. Então o Brasil pode ser o grande protagonista global desse projeto de morte aos quatro Cavaleiros do Apocalipse. Mas isso implica de uma estratégia, uma estratégia clara que considera toda a logística e infraestrutura, o tema da renda no campo a todos os brasileiros, a questão da tecnologia cada vez mais desenvolvida, a questão de acordos comerciais que garantam mercados, organização primária com cooperativismo na liderança desse processo. Tudo isso é um pacote estratégico embrulhado pelo papel central da beleza que é a sustentabilidade. E nós temos todas as condições de fazer isso e nós temos de ter o desejo político de fazer isso, as lideranças brasileiras têm de somar nesse processo todo, lideranças rurais e urbanas, com o Parlamento, com a Academia, para ter um projeto de transformar o Brasil no grande protagonista mundial do combate à fome, a falta de energia, as mudanças climáticas maltratadas e a desigualdade social. Estamos frente a esse processo. Isso é uma verdadeira e ampla que eu vejo o mundo hoje, mas além disso, nós temos três fatos concretos, que ocorreram agora recentemente. Na COP-28, por exemplo, pela primeira vez os países signatários da COP desejam mudar a matriz energética do mundo buscando a área mais renovável; segundo, o Brasil tem a melhor matriz energética do mundo com 45% renovável já, com a diferença, o agro é 19% disso, com biodiesel, com etanol, com carvão vegetal, com biometano, etc e terceiro a Amazônia é vista lá fora como uma área  fragilizada, com desmatamento, muito combate à natureza. Então eu quero propor, discutirmos a transformação da Amazônia na grande pilha energética do mundo. Como? Nós temos lá milhares de hectares, milhões de hectares degradados, antropizados, mas temos uma tecnologia que permite fazer duas e até três culturas por ano na mesma área. Plantar soja, plantar milho, fazer pasto. Então podemos fazer um grande projeto de integração da agropecuária e floresta da Amazônia, 1 milhão de hectares ocupados com soja e milho, para produzir biodiesel, etanol de milho, produzir biodiesel com óleo de palma, que ajudem os produtores da Amazônia que hoje não têm renda nenhuma, se agrupem em cooperativas, tendo a produção de biodiesel através da palma. Então vamos ter integração lavoura, pecuária e floresta com soja, milho, boi criado com a energia que sai do etanol do milho, e a floresta com o óleo de palma. Isso pode transformar a Amazônia em um grande programa mundial energético que alimente o mundo, com energia renovável e também proteína animal. Acho que com esses dois projetos, o Brasil liquidando os Cavaleiros do Apocalipse e a pilha energética do mundo, nós vamos ser o país mais importante do Planeta até daqui a 20 anos”.

Obrigado Roberto e que sua voz de líder inspire o Brasil inteiro.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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