CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Continente das Américas unido na COP27 propõe ministro Marcos Montes

Publicado em 28/09/2022

Divulgação COP27
COP27

Agora em novembro no Egito vai ocorrer a COP27, na Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O ministro Marcos Montes está correto, uma posição conjunta do continente americano seria obviamente o ideal.

Para isso, entretanto, precisaria prevalecer a voz da ciência. De uma reunião das vozes científicas do continente americano. Uma conciliação de pesquisas, estudos e conclusões, e que isso fosse protegido de interferências ideológicas, e político-partidárias.

Temos conflitos de visões, que vão desde negacionismo da ciência até lideranças que afirmam ser o movimento de mudanças climáticas uma ação nefasta de interesses econômicos contrários ao desenvolvimento do agronegócio brasileiro, por exemplo.

Numa semana pré-eleitoral, o sonho do ministro Marcos Montes de um posicionamento conjunto e único das Américas sobre sustentabilidade e clima, irá depender de forma total na prudência, sensatez e bom senso do próximo governo brasileiro conseguindo apaziguar a cacofonia de opiniões opostas e transformar os seis biomas brasileiros desde o pampa até o amazônico em uma harmonia, uma sinfônica.

O primeiro de todos os desafios será em uma conjugação de uma opinião convergente dentro do próprio Brasil e no apaziguamento das polarizações entre lideranças do complexo produtivo do agronegócio que começa na segurança dos bancos genéticos, perspassa a gestão dos solos do país, e chega numa revolução urbana de saneamento, biogás, biometano do lixo e dos dejetos, atuando decididamente no desperdício.

Uma economia circular precisa ser assumida pelo governo e, então, reunidos os demais governos do continente, todos com a mesma voz, propostas e soluções, incluindo métricas que possam ser auditadas, apresentadas e estimuladoras do aperfeiçoamento dos fatores negativos ambientais.

Na COP27 temas delicados estarão em pauta em um planeta onde o jogo dos egos criando egonomias está superando a administração das sociedades e da economia.

Porém, o ministro Marcos Montes está certo. O ideal seria uma posição conjunta do continente americano, e uma convocação para todos os agentes do agronegócio estarem reunidos na mesma mão de direção.

A indústria, o comércio, a diplomacia, os serviços e, sem dúvida, produtoras e produtores rurais que atuam na base da originação e vão se transformando em legítimos agentes da saúde, muito além da produção dos volumes das commodities.

No recente Congresso Internacional da Indústria do Trigo, em Foz do Iguaçu, o chefe da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, me disse ser o trigo um cereal, acima de tudo descarbonizante e que poderemos até 2030 estar produzindo no Brasil o dobro do que produzimos hoje, atingindo 20 milhões de toneladas, e a autossuficiência.

Ou seja, na pesquisa, a própria Embrapa hoje além de mensurar produtividade, resistência a pragas, ervas daninhas, doenças, qualidade protéica e energética, stress hídrico, já computa o quanto uma planta protege a atmosfera das emissões de gás carbono.

Precisamos de consensos baseados em bom senso, com a ciência embalada na consciência ambiental, sem dúvida, do Brasil, o nosso mais espetacular positivo diferencial para crescimento econômico, agroalimentar e social.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

A Câmara de Comércio e Indústria Brasil Alemanha realiza nos próximos dias 23 e 24 de manhã um congresso internacional voltado ao bem estar animal - o “Don’t forget the animals”, não esqueçam os animais. 
José Luiz Tejon entrevista nesta sexta-feira, Roberto Waack, líder de movimentos de sustentabilidade e meio ambiente e atual membro do Conselho de Administração da Marfrig, uma das líderes do mundo da carne, que está na COP26 representando a conservação pela Amazônia.
O colunista do Estadão Lourival Sant’anna (Página A15, edição de 16/4 - Risco  de dependência assimétrica) escreveu: “comércio e investimentos entre Brasil e China andam sozinhos. No governo Jair Bolsonaro, que tinha relação ruim com a China e atravessou a pandemia, o comércio bilateral cresceu 52%, e os investimentos chineses 79%, e somos o maior destino dos investimentos chineses, 13,6%”. Aproveito aqui tanto a visão da assimetria dos riscos de Lourival Sant’anna quanto o Brasil ser maior do que o buraco de Joelmir Betting, para concluir que o Brasil tem uma força que supera seus governos.
“Não tenha medo do mercado, ele é grande para o Brasil“ (Fernando Penteado Cardoso “in memorian”). A frase acima ouvi do engenheiro agrônomo, notável brasileiro, Fernando Penteado Cardoso, fundador da Manah e da Agrisus, quando o entrevistei já com mais de 100 anos de idade. Um sábio.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite