CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “Afinal o governo está a favor ou contra a descarbonização?”

Publicado em 16/09/2022

TCA
RenovaBio

O RenovaBio, programa de estímulo aos biocombustíveis brasileiros, considerado o maior projeto de descarbonização através de etanol e biodiesel do mundo, teve segundo Plínio Nastari, Datagro, um dos mais competentes especialistas do setor no país e no mundo; o que ele chamou de “uma ação intempestiva e inapropriada do Ministério de Minas e Energia (MME)”, do ministro Adolfo Sachsida.

João Henrique Hummel Vieira, diretor executivo da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel no documento enviado ao MME, critica a medida provisória que objetivava adicionar outros produtos no Renovabio e que transferia a obrigação das distribuidoras comprarem os certificados de descarbonização (CBIOS) das distribuidoras de combustíveis para as refinarias.

Isto significaria colocar uma estatal, a Petrobras, como reguladora do mercado. Plínio Nastari acrescentou ao Broadcast Agro: “toda concepção do RenovaBio foi feita com base no mecanismo de precificação do carbono em mercado e não através da deliberação de uma autoridade”.

Então a MP que altera regras do Programa Brasileiro de Incentivos aos Biocombustíveis, que envolve a biomassa, biogás, biometano, bioquerosene, etanol, 2ª geração, não será discutida agora e somente depois das eleições, após pressão do setor.

A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel também solicita que a mistura de 14% do biodiesel b14 ocorra em janeiro e fevereiro de 2023 e 15% b15 em março de 2023.

Estamos com uma capacidade ociosa instalada superior a 50% no país, mais da metade sobre a capacidade total e isto significa também futuros investimentos suspensos. Desta forma João Henrique Hummel questiona se o “governo está a favor ou contra a descarbonização”.

Fica aqui na minha análise um sentimento de que uma iniciativa exemplar para todas as demais cadeias produtivas do agro brasileiro, como o RenovaBio (de verdade precisaríamos ter um RenovaBio do a do abacate ao z do zebu, com planos, metas, objetivos de produção e acesso a mercados, tecnologias e inclusão do mercado financeiro e de carbono em todos eles, bem como coordenação das cadeias), não são bem vistas por quem poderia perder o controle centralizado e autoritário, se colocando como “dono da cadeia”, então neste sentido a MP do MME joga contra a liberdade de uma gestão sob responsabilidade da sociedade civil organizada.

Fica evidente que não basta a sociedade civil organizada se unir e atuar e criar ótimos projetos como RenovaBio, é necessário vigiar e saber se comunicar muito mais com a opinião pública do país.

Um cbio equivale a uma tonelada de emissões de carbono evitadas, e isso equivale a 7 árvores. Até 2029 serão compensadas emissões de gases efeito estufa que representariam a plantação de 5 bilhões de árvores, o que significaria todas as árvores existentes na Dinamarca, Irlanda, Bélgica , Reino Unido e Países Baixos.

E isto tudo de um país chamado Brasil, o único do mundo que tem nome de árvore. De olho no RenovaBio, o original.

José Luiz Tejon para Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Entrevistei Paulo Rabello de Castro que foi presidente do IBGE, considerado o economista do ano e um conhecedor profundo do agronegócio,  que comenta de forma positiva a reforma tributária para o agro, e diz que há muita coisa para ser feita ainda após o texto ser aprovado ainda pelo Senado.
Serenidade, diálogo e ações são os ângulos explicitados no manifesto que pede as autoridades públicas o apaziguamento das hostilidades. No documento está acentuado que as “hostilidades geram incertezas e graves problemas econômicos. Dissipar incertezas quanto à nossa capacidade de conduzirmos o presente, resgatando expectativas quanto ao nosso futuro”.
Na série voz de líder Agroconsciente ouvimos a diretora do Sindicato Rural de Bastos, no Estado de São Paulo, a capital nacional do ovo, Cristina Nagano. Os custos da ração dobraram, milho e soja, do premix idem em dólar e das embalagens também, e o setor não consegue repassar preços aos consumidores, que terminam por consumir menos.
Entrevistei Joe Valle, na sequência de ouvir opiniões e vozes dos membros do atual grupo de transição do agronegócio. Tirar a sustentabilidade da lateralidade e a colocar no centro das mesas de decisões do agro” é um dos seus pontos fundamentais.
© 2024 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite