Eldorado/Estadão - Agronegócio sempre dependeu de estadistas muito além de populistas
Publicado em 13/10/2021
DivulgaçãoNo editorial do Estadão de 12/10, aliás dia do engenheiro agrônomo, nossos parabéns a essa fundamental categoria; o título fala da “prudência do agronegócio”, onde nem o lulopetismo e o bolsonarismo interessam, pois não se comportam com uma visão estratégica de longo prazo e terminam afogados nos compromissos partidários e ideológicos, que já ficaram ultrapassados no século XX, mas ainda teimam em persistir já quase a 1/4 do século XXI.
Portanto representantes com equilíbrio e que reúnam e integrem o governo a planos de estado estão na mira de setores do moderno agronegócio consciente das oportunidades que são muito maiores do que os obstáculos, em um planeta que pede por ESG, meio ambiente, responsabilidade social e governança e que negar essa tendência significa dar tiros no pé, remando contra uma inexorável maré.
Tive acesso as recomendações para a Cop-26 da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que será realizada agora de 31 de outubro a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia. O documento aborda a necessidade de sermos mais ambiciosos nas metas de redução de emissão de gases efeito estufa e pede ao governo intensificação na fiscalização e punir atos ilícitos exemplarmente entre diversas outras recomendações.
Marcello Brito, presidente da Abag, afirma que temos uma imensa oportunidade de crescimento do país e o documento enfatiza a necessidade de um plano de descarbonização da economia que permitirá crescer R$ 2,8 trilhões no PIB e gerar mais 2 milhões de empregos até 2030.
Esse desejado novo governo equilibrado deverá ser intolerante para a ilegalidade, esse é outro pedido claro dos setores do agro que irão ao futuro. Cumprir a lei pedem entidades. Assim se manifesta nesse mesmo editorial Pedro de Camargo Neto. Ele diz: “a credibilidade do país foi perdida com a permissão de ilegalidades, nisso o governo falhou e é muito grave”. Diga-se que Pedro de Camargo Neto é hoje o único brasileiro membro do PAPSAC na Universidade de Harvard, sob a coordenação do prof. Ray Goldberg criador do conceito de agribusiness no mundo - PAPSAC é um fórum público privado: Private and Public, Scientific, Academic and Consumer Food Policy Group.
Reúne os diferentes, os opostos e busca com isso o equilíbrio e a confiança entre agricultores, líderes de organizações com e sem fins lucrativos, cientistas, ativistas e a sociedade consumidora. Bela inspiração para o nosso Brasil.
Mas como em todos os ambientes nebulosos, tem gente boa que não deixa a coisa ficar pior. Precisamos destacar como a competência de técnicos e servidores do Ministério da Agricultura, da Embrapa, e mesmo membros dos governos têm se colocado acima de ideologias e política partidária sendo vitais para resultados que terminamos por colher alguns anos após. São brasileiros patriotas estadistas.
Dois exemplos recentíssimos dessa verdade obtemos no primeiro mandato do presidente Lula com Roberto Rodrigues, realizando uma série de intervenções de estadista no agronegócio brasileiro colocando-o muito além de enganos ideológicos. Da mesma forma agora, a ministra Tereza Cristina, abrindo 150 mercados para o país enquanto outras vozes praticam a insensatez de falar mal dos clientes, para mencionar apenas um ótimo exemplo.
Mas quero aqui, sim, parabenizar servidores e técnicos do Ministério da Agricultura e da Embrapa, de universidades, fundações de pesquisas, da iniciativa privada, e de produtoras e produtores que prosperam aplicando esses conhecimentos.
O fato é que os pesquisadores brasileiros já desenvolvem inteligência ao longo de décadas. Honra ao mérito de Alysson Paolinelli, símbolo desse feito. Temos uma agricultura de baixo carbono, plantio direto, integração lavoura, pecuária e floresta, temos agora um Pronasolos que nos permitirá implementar definitivamente um plano nacional de fertilizantes, temos genética e bancos de recursos genéticos, lançamos um projeto Águas do Agro, vital para a sustentabilidade e a irrigação, sabemos produzir biogás natural e renovável, fazemos biometano, bioenergia. E em todos os pontos do Brasil, inclusive na Amazônia, os exemplos de meio ambiente e responsabilidade social podem ser revelados para o mundo. É legítimo. Existe. Propriedades rurais exemplares para os mais exigentes padrões globais.
O Brasil mesmo quando nas mãos populistas, ou ditatoriais, sempre contou com brasileiros patriotas que souberam decidir e se posicionar como verdadeiros estadistas. E contra esses fatos não existem argumentos ou fakes de qualquer tipo.
Agora, com as lições recentes experimentadas lulopetistas e bolsonaristas a sensatez poderia bater a nossa porta ou “cuca” e buscarmos seres humanos racionais, sensatos, equilibrados, e alinhados com o futuro, não com o passado, numa ótima combinação entre estado, sociedade civil organizada e governo. Essa é a prudência perseguida pelo agronegócio.
Podemos dar um salto espetacular para um breve futuro dobrando o PIB de tamanho em 10 anos a partir da inteligência e de um planejamento estratégico de todo complexo do agronegócio, agora uma agrocidadania. Isso vale dizer empregos, distribuição de renda, dignidade de vida.
Pesquisadores, agricultores, cooperativas, agroindústrias, comércio e serviços, cidadãos, numa nova era: descarbonização, biometanização dos motores como acompanho com o pessoal da MWM, e saúde para todos. No agronegócio, estadistas sempre prevaleceram, e prevalecerão. Se os governos ajudarem fica mais fácil para todos prosperarem.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.