CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Atenção BNDES: Brasil é agropecuária + indústria + comércio + serviços, um sistema chamado agronegócio

Publicado em 08/02/2023

Divulgação BNDES
Aloizio Mercadante é o novo presidente do BNDES

Aloizio Mercadante, novo presidente do BNDES, declarou: “O Brasil não pode ser só a fazenda do mundo, e que será mais atuante na indústria, e que o Brasil não pode ser somente um exportador de commodities agrícolas”.

Precisamos de reindustrialização do Brasil? Sim. Precisamos de marketing e marcas brasileiras nos mercados mundiais? Sim. Podemos agregar valor em todas as cadeias produtivas brasileiras do A do abacate ao Z do zebu, sem esquecer da jabuticaba da cidade de Sabará, Minas Gerais? Sim, aliás Sabará dá um verdadeiro show de gastronomia com pequenas agroindústrias da maravilhosa jabuticaba.

Portanto, sem indústria não vendemos muito mais no pós-porteira das fazendas, mas também sem indústria jamais teríamos o crescimento da agropecuária através das sementes, fertilizantes, vacinas, defensivos, mecanização, e agora digitalização. E tudo isso não aconteceria sem o comércio e os serviços, e dentre eles a pesquisa, a educação e, claro, sem dúvida alguma os recursos humanos brasileiros, heróis migrantes abrindo fronteiras pelo país afora, plantando e criando com a moderna ciência tropical, ou seja, somos uma legítima potência agrohumana.

Mas por que o discurso de Aloísio Mercadante não foi bem recebido por parte do agro? Por uma inabilidade de comunicação. Poderia dizer a mesma coisa, mudando a forma e o tom. Poderia dizer: “O Brasil se transformou num dos maiores celeiros do mundo, sim, crescemos em produtividade e aplicação da tecnologia, temos uma agroindústria que processa a proteína animal, o açúcar, o etanol, o suco de laranja, óleos, o cacau, a borracha, a indústria da madeira, o fumo, o café, o algodão no setor têxtil, mas vamos fazer muito mais. Elevar o nível dessa indústria”.

Indústrias que garantam também aos nossos produtores rurais segurança de fornecimento de princípios ativos, segurança genética, de fertilizantes, bioinsumos, de chips e sensores da mecanização. E uma indústria que ao lado do comércio gere melhor renda e mais segurança no acesso aos mercados diminuindo a dependência das relações frias das commodities.

Portanto, poderia dizer o novo presidente do BNDES “vamos dobrar a agropecuária brasileira de tamanho, sim, incorporar mais 30 milhões de há como o ministro Favaro já declarou, e vamos também fortalecer tudo o que antecede e o que vem depois dos agricultores brasileiros, inclusive apoiando suas cooperativas onde muitas delas são ótimas agroindústrias competindo com gigantescas multinacionais. Vamos dobrar o faturamento do agro brasileiro objetivando US$ 1.2 trilhão com enorme impacto positivo no PIB”.

Parece que não sofremos de incompetência apenas na comunicação do agronegócio brasileiro com o mundo, sofremos de comunicação incompleta que atiça o ambiente polarizado e aviva os ódios.

Agronegócio é um sistema agroindustrial, composto da agropecuária, indústria, comércio e serviços. E quando mensuramos seu impacto no PIB, 27,4% (Cepea/Esalq) cerca de 70% desse montante está exatamente na indústria, comércio e serviços.

Se trata de um lego onde não dá jogo sem a soma de suas partes e, sem dúvida, produtores rurais são também essenciais.

Brasil celeiro e supermercado do mundo. Lideranças usem a conjunção E, não a conjunção OU.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

Também pode interessar

Em primeiro lugar, parabéns ao texto espetacular de Lourival Santanna, colunista do Estadão (19/9 Página A-11), “O impacto do taleban”. Como analista internacional de notoriedade exemplar, Lourival revela durante sua passagem pelo Afeganistão um fato que até agora não vi observado em nenhuma outra análise.
Recebi da Conab, o 9º Levantamento de Grãos, safra 2020/2021. Notícia boa, soja totalmente contabilizada, colhemos 135 milhões de toneladas, novo recorde.
Entrevistei um dos autores do extraordinário livro que será lançado nesta terça-feira (15), na Fundação Fernando Henrique Cardoso em São Paulo, com o título “Inquietações de um Brasil contemporâneo” pela editora Autêntica e apoio do Instituto Arapyaú.
No último dia 28 foi divulgada a 27ª edição da Global CEO Survey 2024, uma pesquisa anual da PwC, que neste ano ouviu cerca de 4,7 mil executivos em mais de 100 países, incluindo o Brasil, e que mostra as tendências apontadas para a viabilidade e a resiliência das empresas no longo prazo. Na avaliação dos líderes do setor de agronegócio, as mudanças climáticas e tecnológicas serão as megatendências globais apontadas como fatores de mudança para criação, entrega e captura de valor das empresas para os próximos anos.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite