CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Caravana Embrapa FertBrasil a curtíssimo prazo é o que faremos já na crise dos fertilizantes

Publicado em 09/03/2022

Divulgação
Plano Nacional de Fertilizantes - Caravana Embrapa FertBrasil

Conversei muito nestes dias com o pesquisador da Embrapa Solos José Carlos Polidoro. Ele está no Grupo de Trabalho do Plano Nacional de Fertilizantes que será implementado a partir do final deste mês. O plano objetiva a médio e longo prazos permitir que o Brasil reduza a menos de 50% sua dependência de fertilizantes importados, dobrando a oferta para mais de 80 milhões de toneladas até 2050.

Raciocínio correto, pois deveremos dobrar de tamanho no complexo agroindustrial brasileiro, o que vai exigir o dobro do atual consumo na casa de 40 milhões de toneladas.  Polidoro enfatiza que este plano não será mais um para ficar na gaveta, como outros do passado. A guerra Rússia contra a Ucrânia fez despertar a necessidade inegável de planejamento estratégico nos fertilizantes, essenciais para terras fracas tropicais como as nossas e também irá inspirar outros planos como na área dos pesticidas, igualmente dependentes da importação de ativos do exterior.

Mas a curtíssimo prazo, perguntei ao Polidoro o que podemos fazer já. E para o início de abril foi criada a Caravana Embrapa FertBrasil, uma jornada de norte a sul, cobrindo 90% das áreas utilizadoras de fertilizantes numa grande batalha antidesperdício. Jogamos fora praticamente 40% do fertilizante comprado. Se economizarmos baixando em apenas 10% esse desperdício significa uma economia na casa de US$ 1 bilhão.

A Caravana Embrapa FertBrasil reunirá técnicos do governo, educadores, institutos agronômicos, consultores, produtores rurais e o setor industrial e comercial envolvido neste insumo que é o número 1 dentre todos para realizarmos a agricultura.

A Caravana Embrapa FertBrasil irá repetir o sucesso de outra criada quando da infestação da helicóverpa armigera, uma praga destruidora das lavouras. Capacitar, aprimorar a qualidade do uso dos fertilizantes em um momento onde os preços só tendem a aumentar, onde a escassez irá ocorrer, significa a principal ação a ser feita em paralelo a busca de novos centros fornecedores fora da Rússia.

Ou seja, hora da boa diplomacia comercial, onde a ministra Tereza Cristina tem se destacado nestes últimos tempos. Portanto, a curtíssimo prazo, uso eficiente dos fertilizantes e diminuir o desperdício, pois jogamos fora cerca de 40% do que importamos e pagamos muito caro, agora mais do que nunca.

Vamos acompanhar e engajar a sociedade nessa Caravana e que disso tudo saia um espetacular subproduto, educação na prática aprimorando o uso da ciência.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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Entrevistei três especialistas do setor de fertilizantes sobre os caminhos para enfrentar a crise. São eles: Valter Casarin, coordenador científico do Programa NPV, nutrientes para a vida, da Anda, Associação Nacional da Difusão do Adubo. Heitor Cantarela, pesquisador do IAC - Instituto Agronômico de Campinas e Carlos Heredia, economista consultor de suprimentos e fertilizantes, todos vinculadas a Anda, a entidade que congrega as indústrias do ramo dos fertilizantes no país.
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