CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “Cooperativas devem fazer parte de um plano da nação contra a pobreza e miséria”

Publicado em 01/12/2021

Onde existe uma boa cooperativa bem liderada dentro dos 7 princípios essenciais, floresce a prosperidade: 1- adesão livre; 2- gestão democrática; 3- participação econômica; 4- autonomia e independência; 5- educação, formação e informação; 6- intercooperação; e 7- interesse pela comunidade.

Quatro líderes das maiores cooperativas do Brasil participaram do evento “Top Coopers”, realizado pela Mundo Coop: Dilvo Grolli, Coopavel; Fernando Degobbi, Coopercitrus; Jorge Possato, Veilling Holambra; e Neivor Canton, Aurora Alimentos.

Todos os líderes concordaram que o governo deveria convocar o setor cooperativista do país para um projeto de mitigação da pobreza e da miséria. No agronegócio o IBGE conta cerca de 3 milhões de pequenos agricultores familiares que representam apenas 4,5% de todo valor bruto da produção agropecuária do país vivendo na miséria rural. Da mesma forma o índice de perda de qualidade de vida IPQD, no período da pandemia revelou que as famílias rurais são as que mais perderam qualidade de vida comparada.

Por outro lado, dentro do sistema cooperativista, que reúne mais de 1 milhão de famílias agrícolas, o setor responde por cerca de 54% de toda produção agropecuária do país. E onde tem uma boa cooperativa o IDH, índice de desenvolvimento humano, da cidade é melhor.

Os quatro líderes concordam que o desenvolvimento das áreas de maior pobreza como nordeste e norte, onde existe predominância de pequenas propriedades, será necessário levar educação e cultura do cooperativismo. O sistema já conta com as organizações estaduais e também com o Sescoop. A OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras realiza um trabalho constante neste sentido também.

Os líderes salientaram ainda a importância da abordagem cooperativista na COP26, onde o modelo das cooperativas é um arranjo produtivo que já nasce ESG. O biogás e o biometano, por exemplo, são tecnologias acessíveis que precisam receber apoio e investimentos para que as cooperativas fiquem ligadas a esse modelo energético.

Eu tenho um sonho, o de ver uma intercooperação global das cooperativas do mundo atuando reunidas para mitigar o que a FAO escreve no seu último relatório, revelando cerca de 4 bilhões de seres humanos em risco de segurança alimentar saudável, caso haja decréscimo da renda per capita no planeta. E além disso mais de 800 milhões de pessoas na zona da fome.

Com as cooperativas ocorre a velha sabedoria bíblica: “não dar o peixe e sim ensinar a pescar”. Cooperativas são casas educadoras que educam para a cooperação e para o amor ao trabalho com ciência e tecnologias, onde muitos, bilhões podem prosperar e não apenas poucos e alguns.

“Quem sabe começar com o Brasil sem fome e depois a América do Sul”, registrou Dilvo Grolli, e de forma unânime, todos concordamos. “Prosperidade para todos”, como Márcio Lopes da OCB tem enfatizado. E o que é prosperidade? A governança da esperança.

Líderes cooperativistas do Brasil, nunca a nação precisou tanto de vocês como a partir deste 2022.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Em primeiro lugar, parabéns ao texto espetacular de Lourival Santanna, colunista do Estadão (19/9 Página A-11), “O impacto do taleban”. Como analista internacional de notoriedade exemplar, Lourival revela durante sua passagem pelo Afeganistão um fato que até agora não vi observado em nenhuma outra análise.
Tecnologia e cooperativismo é a única fórmula para o sucesso da pequena agricultura que vira grande: juntos. Assentamentos, pequenos agricultores, reforma agrária não há nenhuma possibilidade de sucesso sem a integração de tecnologia com cooperativismo.
No Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp ocorreu um excelente debate nesta semana sobre as eleições recentes para prefeito. Mas além das avaliações das tendências entre “Bolsonaristas x Lulistas”, ouvimos sóbrias conclusões como: “para termos um governo melhor precisamos de uma melhor articulação da iniciativa privada e uma aliança da sociedade civil organizada”. Assim como foi colocado com ênfase por um dos apresentadores Paulo Hartung, foi governador do Espírito Santo e hoje preside a Indústria Brasileira da Árvore (IBA): “a conversa de esquerda versus direita não nos leva mais ao futuro, precisamos olhar pra frente e não discutirmos 30, 40 anos de passado”.
Em Brasília nesta semana teve a primeira reunião do Comitê de Comunicação do Plano de Conversão de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas em ações sustentáveis. Isso significa potencial para dobrar o agro brasileiro com práticas totalmente sustentáveis numa integração de plantio de florestas com modelos de diversificação de cultivos.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite