CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Criamos o agro tropical, falta criar a economia tropical.

Publicado em 06/01/2025

Divulgação
Ingo Plöger, vice-presidente da Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG) e presidente do Conselho Empresarial da América Latina

Conversei com Ingo Plöger, vice-presidente da Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG) e presidente do Conselho Empresarial da América Latina, sobre como costumamos errar para baixo as análises de crescimento do país e perguntei: o Brasil tem medo de crescer? Ele me respondeu:

“Desde 2020/2021 o Brasil tem crescido acima de todas as previsões de instituições brasileiras e internacionais de grande renome. Para 2020/2025 as instituições preveem um crescimento em média de 2,2% ao ano.”

Então o questionei o que não estamos vendo e ele nos revelou os 8 pontos ocultos dos números brasileiros que nos enganam sobre o crescimento:

1 – Subestimamos a produtividade brasileira. Na teoria econômica a produtividade se monetiza, que é a poupança, investimentos, a razão, o capital, o trabalho, porém nós somos um país que não tem estabilidade na moeda. A produtividade brasileira não deve ser monetizada, mas sim dada a sua razão pelos fatores econômico e físicos entre si.

2 – A competitividade nos coloca em melhores condições. Nessa questão é importante monetizar para termos a nossa relação internacional, como estão os nossos produtos em relação a competitividade internacional. Tivemos antes da independência do Banco Central sua influência no combate à inflação valorizando o real acima da necessidade. Então aí faltou o equilíbrio entre oferta e procura real.

3 – A origem da nossa inflação não é só de demanda. Após a Covid a oferta é fortemente uma indução inflacionária e aí não só juros é que combatem essa inflação.

4 – O trabalho informal, semi-informal é uma característica brasileira. Então os nossos indicadores do Caged, do trabalho formal, etc, são corretos, mas não são suficientes.

5 – Transferência de capital, o crédito e as alavancagens. Somos hoje um país pouco alavancado, porque os nossos juros sempre foram altos, então a população brasileira, os empresários, os empreendedores têm uma alavancagem relativamente baixa em relação a parte internacional e aí buscam alternativas que não são somente a dos bancos.

6 – Economia tropical é um animal ainda não descoberto. Nós temos propriedades hectarianas muito superiores a outros climas onde essas teses e teorias nasceram e estão sendo constituídas.

7 – Migrações regionais. Hoje nós temos um Brasil muito diferente de 40, 50 anos atrás, e suas migrações e os PIBs regionais dos estados são extraordinários e aí nós não consideramos muitas vezes essas estruturas.

8 – Mundo digital ainda não captado. O mundo digital trás para nós uma alternativa muito interessante que é o aumento de informação para venda e para área educativa e para compras dentro da parte das populações hoje fortemente digitalizadas. Então as antigas teorias não mais batem para as nossas novas realidades e temos de repensar os conceitos”.

Perguntei a ele o que precisamos fazer? E ele disse: “A minha esperança é que o Brasil ainda alcance um prêmio Nobel. Quem sabe até de economia? Onde uma jovem ou um jovem acadêmico poderia tentar um entendimento científico melhor embasado para nos dar parâmetros para entendermos essa dinâmica do crescimento brasileiro para que possamos direcionar o nosso desenvolvimento aos verdadeiros potenciais. Então é constituir o entendimento talvez dessa economia tropical que pode ter características diferenciadoras.”

Agro tropical adaptado e criado aqui. Nos faltam métricas e uma contabilidade econômica tropical. Um Nobel dessa economia! Jovens se apresentem!

É sempre bom relembrar Joelmir Betting: “o Brasil é maior que o buraco” e também Einstein: “tem números que não são contados e podem contar mais do que aqueles que são contados”.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

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