Eldorado/Estadão - De quantos “Agronegócios” o Brasil precisará para criar a consciência da convergência?
Publicado em 09/04/2021
Divulgação290 organizações e entidades, a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura enviou carta ao governo pedindo metas ambiciosas em relação ao meio ambiente e com enfrentamento decisivo sobre o desmatamento.
São seis medidas explicitadas na carta que o Grupo Estado teve acesso exclusivo:
Ação 1 - Retomada e intensificação da fiscalização, com rápida e exemplar responsabilização pelos ilícitos ambientais identificados.
Ação 2 - Finalizar a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), e suspender registros que incidem sobre florestas públicas promovendo responsabilização por eventuais desmatamentos ilegais.
Ação 3 - Destinação de 10 milhões de hectares à proteção e uso sustentável. Para áreas onde está ocorrendo um forte desmatamento.
Ação 4 - Concessão de financiamento sob critérios socioambientais.
Ação 5 - Total transparência e eficiência às autorizações de supressão da vegetação. Significa deixar claro o que é legal e o que é ilegal.
Ação 6 - Suspensão de todos os processos de regularização fundiária de imóveis com desmatamento após julho de 2008.
A Cúpula do Clima está marcada para os dias 22 e 23 de abril, organizada pelo governo norte americano e o presidente da república do Brasil está convidado. Entre 2004 e 2012 o Brasil foi campeão mundial de redução de gases efeito estufa, reduzindo em 80% o desmatamento.
O mundo se transforma numa coisa só, como cantou John Lennon em Imagine (“And the world will be as one”...). Podemos ver isso na solução da Covid-19, não tem saída de um país sem o outro, e da mesma forma na saúde do planeta. Por isso temos na riqueza amazônica e de outros biomas muito mais uma gigantesca oportunidade de crescimento do PIB do país, do que um obstáculo.
Os estudos científicos mostram que 2/3 das emissões de gases efeito estufa do Brasil são originados do setor uso da terra, e isoladamente o desmatamento significa 40% das emissões brasileiras.
Assinam a carta entidades como ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, ABIA – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, ABIEC – Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, ABIOVE – Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais, AMA Brasil – Associação dos Misturadores de Adubo; Basf, Bayer, Bradesco, banco Alfa, BRF, BTG Pactual, Cargill, Carrefour, CHS do Brasil, Cítrus Br, Danone, FIA, Gerdau, Boticário, GTPS, IBA, Insper, Natura, Nestlé, Pensa-FIA, Rabobank, Rumo, Santander, Suzano, Unilever e diversas entidades, institutos, empresários.
Então aí está um corpo do agribusiness com ênfase no setor do pós porteira das fazendas. O pessoal que tem que vender para o mundo e algumas empresas rurais também. E existem vários outros Agronegócios, de uns que não gostam desse pessoal da coalizão, existem outros que consideram o simples termo agronegócio como não os representando, pois são os da agricultura familiar. Existe um universo de cerca de quatro milhões de propriedades rurais que nem adubo usam, sem acesso a tecnologias e mercados. Tem ainda um gigantesco número de milhares de assentados de reformas agrárias sem título de terra, são os nem agronegócio, nem propriedade e nem nada.
E se mesmo assim conseguimos chegar onde chegamos, crescemos e onde atuamos somos admirados e respeitados, imagine se reuníssemos os pontos convergentes de tudo isso e criássemos um planejamento estratégico e uma governança nacional? Sem dúvida alguma teríamos como meta dobrar o tamanho do PIB do agro em 10 anos, e essa seria a única fórmula de elevar o PIB do país para números decentes e dignos, com no mínimo US$ 5 trilhões até 2030. Aí, sim, daria até para pagar a conta de muita gente que odeia a ideia da reforma administrativa, e consequentemente tributária.
Agronegócio é a consciência da convergência.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.