CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Geraldo Alckmin como ministro da Agricultura de Lula, se eleito, que cenário iria encontrar em 2023? E a ministra Tereza Cristina está saindo, merece parabéns!

Publicado em 04/02/2022

TCA
Agricultura brasileira

Dentro das estratégias do candidato Lula, o elo com o centro político é a estratégia, repetindo o êxito do primeiro governo Lula com um ministério muito equilibrado. Geraldo Alckmin (ainda sem partido), um político conciliador, transmitiria ao setor ruralista uma mensagem de confiança na continuidade do agronegócio, cujo sucesso já vem de vários anos anteriores, tendo na tecnologia, empreendedorismo dos produtores, suas cooperativas e mercados internacionais os principais fatores que nos colocaram na 4ª posição global agrícola.

O que Alckmin ou qualquer ministro da Agricultura poderá encontrar em 2023? Esta resposta ainda dependerá muito de São Pedro. O que irá ocorrer com a 2ª safra de milho no Brasil central, oeste da Bahia, Tocantins, Mato Grosso e Piauí.

Porém, os sinais são de que não deveremos fazer uma safra maior do que a do ano passado, isso com preços elevadíssimos das commodities que já chegam a uma saca de soja de 60 kg estar na faixa dos 200 reais. Imagine que pouco tempo atrás falaríamos de 80, 90, 100, 120 reais como preços muito bons. Idem para o milho, na casa de R$ 100,00, quando há não muito tempo falávamos de 30/40/50 reais como bom, e ótimo.

Se por um lado é bom para quem colhe soja e milho, por outro, como já comentamos aqui no Agroconsciente é um momento onde todos os fregueses brasileiros desses grãos, fundamentais na ração dos suínos, aves, leite, ovos e peixes, estarão sob fortíssima pressão de custos, assim como toda indústria de alimentação e derivados humanos, e na contramão do lado bom para quem está colhendo hoje os grãos, vem o dobro do custo de produção também, já para a safra 2022/23. Portanto, condições difíceis para o setor da proteína animal, fertilizantes, defensivos, máquinas, combustíveis elevados para o plantio agrícola e, ao mesmo tempo, pressão inflacionária dos alimentos para a população.

Com a fortíssima dependência que a economia brasileira tem hoje da agricultura e pecuária, sem dúvida, que o cargo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Mapa, é estratégico o suficiente para atrair Geraldo Alckmin seja qual for o partido que deseje se filiar. Eu diria, muito mais interessante para ele do que vice-presidência.

Para o setor ruralista na hipótese da vitória de Lula, Geraldo Alckmin seria vital e decisivo no diálogo, mas não irá encontrar mar de almirante, ou céu de brigadeiro, ou a terra dos sonhos dos agrônomos, haverá muito a ser feito tanto para diminuir a dependência brasileira de insumos para a produção, como fertilizantes, quanto acessar muito mais mercados com muito mais produtos do agro brasileiro. E, enquanto isso, rezando para São Pedro só ajudar e não atrapalhar em 2022.

Enquanto isso, a ministra Tereza Cristina irá se desincompatibilizar para concorrer ao senado do Mato Grosso do Sul. Merece parabéns enfrentando uma verdadeira crise de guerra no mundo. Se trata de um ser humano do bem, equilibrada e criativa. E o nome forte para sua substituição é o do atual secretário executivo Marcos Montes Cordeiro.

O setor gosta do que a ministra Tereza Cristina fez e uma continuidade do seu trabalho será bem-vindo.

José Luiz Tejon, para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Entrevistei um especialista, engenheiro agrônomo da Tera Ambiental, o Fernando Carvalho Oliveira, que se dedica ao campo da nutrição vegetal, fertilizantes orgânicos compostos ao longo dos últimos 20 anos.
Somos o 4º maior produtor de grãos do mundo, 3º maior de frutas do planeta, maior rebanho bovino comercial da terra, líderes do açúcar, 2º maior exportador de algodão global, gigantes da proteína animal, da madeira industrial, e na soma total da produção de tudo o que cultivamos nos solos, águas e mares somamos cerca de 1 bilhão de toneladas. E ainda tem muita gente passando fome!
Onde existe uma boa cooperativa bem liderada dentro dos 7 princípios essenciais, floresce a prosperidade: 1- adesão livre; 2- gestão democrática; 3- participação econômica; 4- autonomia e independência; 5- educação, formação e informação; 6- intercooperação; e 7- interesse pela comunidade.
Entrevistei a nova presidente da Embrapa, pela primeira vez uma mulher, doutora das Ciências da Computação, Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá. Ela aborda os compromissos com todos os agricultores do país de todos os portes incluindo o combate à pobreza e desigualdades. Fala de uma Embrapa plural e democrática e com muita consciência das transições nutricionais, energéticas, e ambientais com as mudanças climáticas.
© 2024 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite