CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “Em termos internacionais somos líderes na corrida tecnológica e ambiental”, (Dr. José Eustáquio – IPEA)

Publicado em 15/11/2024

Divulgação
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Entrevistei o Dr. José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), sobre o impacto brasileiro no agro mundial e no meio ambiente comparado. E ele fez colocações importantes:

“Ano após ano fala-se muito em mudanças climáticas. No entanto, o que observamos, principalmente no Brasil, é uma produção crescente. Por exemplo, a safra de grãos estimada para o próximo ano será de 322 milhões de toneladas, um novo recorde histórico. Em breve o Brasil se tornará o maior exportador agropecuário do planeta, ultrapassando, inclusive, a economia norte-americana. A expansão agropecuária contribuiu para interiorização e ocupação do Brasil. Por muito tempo nos referíamos às terras do Planalto Central como campos cerrados por causa da baixa fertilidade do solo. Com a criação da Embrapa em 1972 o Cerrado foi incorporado à produção. Esta foi, sem dúvida, a maior abertura de terras agricultáveis no mundo nos últimos 50 anos. Que impacto maior do que esse no planeta? Imagine se isso não fosse possível? Essas questões mostram a importância do Brasil no cenário. E o que falar do meio ambiente? A sustentabilidade está presente na vida do agricultor. Podemos enumerar várias práticas sustentáveis que são desconhecidas lá fora, mas fazem parte do nosso cotidiano. Refiro-me ao plantio direto que melhora os atributos do solo, a técnica de calagem, a tropicalização dos cultivos, a fixação biológica de nitrogênio, a integração produtiva que é muito comum no Brasil, a mecanização adaptada, a colheita de uma ou até três safras em uma mesma terra, e por aí vai. São vários exemplos. Com tecnologia evitamos desmatamentos, já que produzimos mais em uma mesma unidade de área. É o que eu chamo de efeito poupa florestas. De 1990 até os dias de hoje, em estudo realizado no IPEA, o Brasil poupou quase que metade do seu território, o que equivale a uma área sete vezes maior do que a França. No passado produzíamos 243 quilos de alimentos com a emissão de um quilo de CO2 equivalente. Hoje produzimos três vezes mais com a mesma quantidade emitida de gases de efeito estufa. Nossa produção é, portanto, mais limpa do que no passado. Em termos internacionais somos líderes nessa corrida tecnológica e ambiental. Para se ter uma ideia 2/3 do território nacional são presevados com matas e florestas. Somente o setor produtivo foi responsável por ¼ de preservação. Para sermos protagonista nesse debate, temos que dar o exemplo. O Código Florestal foi um marco na legislação ambiental, um arcabouço jurídico incomparável pelo mundo afora. A reserva legal é um esforço privado de preservação que inexiste em outros países. Normalmente eu costumo falar que subsído é sinônimo de desmatamento. A Europa subsidia muito e por isso já desmatou tudo. O Brasil, ao contrário, é um país com baixo suporte ao produtor, menos de 1% do valor bruto da produção, enquanto a Noruega subsidia 58%, a União Europeia 19%, e os Estados Unidos 12%. O grande desafio que fica é convencer o mundo do nosso papel estratégico. Para isso não devemos taxar o agronegócio em detrimento do avanço industrial, muito menos compará-lo à queima de combustível fóssil. O agro tem mais a contribuir com o desenvolvimento sustentável do que o contrário. Dados, números e informações corretos são necessários. Contra fatos não há argumentos retóricos”.

Vamos desenvolver uma “right information” brasileira para o mundo, pois a opinião verdadeira exige informação isenta e interpretação correta e certa!

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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