Eldorado/Estadão - Estou muito preocupado, e quem não está ou dorme ou vive hipnotizado
Publicado em 12/01/2022
TCAAgronegócio é 1/3 do PIB diretamente, e outros tantos indiretamente, enquanto isso, o cenário das safras piora. Precisamos de um plano emergencial. Existe potencial instalado no país, só depende de lideranças com foco na administração e mitigação dos fatores incontroláveis.
Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Br, afirma que teremos uma quebra maior da soja do que as previsões últimas da própria Conab. Galvan estima que chegaremos no máximo de 130 a 135 milhões de toneladas da oleaginosa versus a previsão de 140,5 milhões de toneladas.
“No Paraná caminhamos para perder 50% da safra de soja e estamos com excesso de chuvas no Matopiba, Mato Grosso, Piauí, Bahia. Temos uma situação climática com redução da produtividade inesperada”, continua Antônio Galvan. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul com perdas comprovadas.
A ministra Tereza Cristina está hoje com uma equipe avaliando a dimensão dos problemas no Sul. A Conab acredita que ainda temos uma perspectiva de produzir 284 milhões de toneladas no país, contra a previsão anterior de 289 milhões, contando com expectativas que possam ser positivas do milho no Centro Oeste.
Outros analistas já consideram que perdemos até agora 15 milhões de toneladas. Falaríamos agora então de 274 milhões de toneladas versus 289 previstas inicialmente para todos os grãos do país. Isso tem implicações sérias sobre todo setor da proteína animal, principalmente no leite.
É lógico, consequências nas vendas internacionais pois teremos menos produto para aproveitar as cotações e o dólar alto deste momento, além do produtor obter menos lucro, pois os custos de produção cresceram 100% na relação de troca. E o mais complicado - impactos na inflação, custos da alimentação, pois a indústria de alimentos e bebidas é a cliente número 1 da agropecuária do país e representa sozinha 25% de toda indústria do Brasil.
Desde 2020, início da chegada da Covid-19, deveríamos ter implantado uma gestão de crise emergencial. Como se estivéssemos numa guerra. A única coisa que resolve problemas de escassez de insumos vitais, como alimentos e bens agropecuários, é produzir mais. Então temos no país cerca de 190 milhões de hectares de pastagens degradadas sem plantios, onde pelo menos em 10% dessa área temos excelente potencial para plantar e colher, sem derrubar uma árvore.
Com 20 milhões de hectares incentivados para plantar milho, soja, arroz e feijão, poderíamos perseguir pelo menos mais 50 milhões de toneladas de oferta de grãos essenciais ao país e ao mundo. Difícil Tejon! Impossível! Ouço isso, mas é exatamente nos momentos mais difíceis que a humanidade encontra as soluções para superar a si própria.
Precisamos, sim, de um planejamento estratégico urgente para dobrarmos o agronegócio brasileiro de tamanho nos próximos 5 anos. Que ao menos o ano eleitoral nos traga uma enxurrada de ideias criativas e factíveis para crescer a economia com emprego, empreendedorismo e cooperativismo.
O agronegócio do Brasil tem esse potencial instalado. Só dependerá de lideranças.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.