Eldorado/Estadão - Fertilizantes deverão repetir safra passada prevê ANDA
Publicado em 03/09/2025
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Conversei com Eduardo de Souza Monteiro, presidente do Conselho de Administração da ANDA (Associação Nacional para Difusão do Adubo) durante o 12º Congresso Brasileiro de Fertilizantes. Mais de mil executivos e líderes na audiência no WTC, em São Paulo. Eduardo fez a seguinte síntese dos principais assuntos tratados neste importantíssimo congresso, onde fertilizantes e agronegócio são totalmente vinculados.
E ele, que é também country manager da Mosaic, me disse: “Ao longo desses dias debatemos temas centrais do futuro da agricultura brasileira, dentre os quais destaco sempre a segurança do abastecimento, a importância da previsibilidade para o produtor rural, falamos de sustentabilidade, de nutrientes para a vida, do papel dos bioinsumos e de um estudo fantástico da Embrapa, do Mapa, que fala do potencial de crescimento da área de agricultura no Brasil convertendo pastagem em agricultura. Falamos de integração lavoura, pecuária e floresta, dos desafios do risco de crédito impactando dois frontes: o primeiro diz respeito aquilo que já foi vendido ao qual os canais de distribuição, as revendas, as cooperativas, os cerealistas, estão pedindo mais garantias para liberar e isso vem atrasando os embarques da indústria em julho e agosto, provocando uma concentração desafiadora para o setor para o mês de setembro e, além disso, estamos observando uma situação em decorrência de mudanças de alocações de critérios contábeis de provisão para vendedores duvidosos das instituições financeiras que vivem impulsionando um maior rigor na liberação de novos créditos e aí a morosidade na liberação e novos créditos, redução de limites de crédito, tem feito que a demanda que ainda precisa ser comercializada, que são aproximadamente 20%, seja questionada”.
Na síntese podemos inferir pelas declarações do Eduardo que não deveremos ter uma nova super safra. A quantidade de fertilizantes fornecidos deverão repetir a safra 24/25. Há ainda uma preocupação com cerca de 10% dos fertilizantes não comercializados e nós já estamos plantando a nova safra. Atrasos por questões financeiras, segurança de crédito trarão complicações de logísticas.
Mas neste congresso ouvimos ótimos planos de estado para os fertilizantes objetivando diminuir nossas dependências das importações para atender uma perspectiva de crescimento das safras brasileiras nos próximos 10 anos, como afirmou José Carlos Polidoro, assessor do ministro da Agricultura, o plano “Caminho verde”.
Também Guilherme Campos, secretário executivo do Mapa, representando o ministro Carlos Fávaro, ressaltou políticas agrícolas de estado voltados aos programas de substituição de importações de fertilizantes.
O vice-presidente Geraldo Alckmin enviou mensagem ressaltando todos os programas em andamento no governo voltados a maior autossuficiência do país nos fertilizantes. Francisco Maturro mostrou a transição em andamento numa agricultura regenerativa com ilpf – Integração lavoura, pecuária e floresta – atingindo já a casa de quase 20 milhões de hectares no país.
E Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV e indicado da agricultura para Cop-30, revelou o início de um estudo profundo com a FGV e demais instituições objetivando gerar um planejamento estratégico para o estado brasileiro com tudo o que precisaremos fazer para atender demandas mundiais de alimentos, desde o A do Abacate ao Z do Zebu, como também envolvimento dos adidos agrícolas do país no mundo, e da FAO.
Quer dizer iremos criar uma legítima estratégia brasileira de agronegócio, o agro 50, até 2050. NPV, Nutrientes para a Vida também foram destacados neste congresso onde o coordenador do programa, Walter Cazarin, afirmou: “não somos apenas produtores e vendedores de fertilizantes, produzimos e vendemos saúde, pois num solo nutrido, numa planta nutrida, o valor do alimento que consumimos será muito maior, isto quer dizer fertilizantes são nutrientes para a vida do planeta e dos seres humanos”.
O Congresso Brasileiro de Fertilizantes foi um evento positivo revelando a boa convergência público privado, onde ciência de solos e plantas fala mais alto na realidade agrotropical ambiental brasileira.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.