CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Brasil precisa mínimo de 300 milhões de toneladas de grãos na safra 2022/23, afirma Ivan Wedekin.

Publicado em 30/05/2022

Ivan Wedekin

Conversei com Ivan Wedekin, um dos mais competentes brasileiros na questão de políticas agrícolas e visão estratégica econômica do agronegócio. Foi exatamente secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento ao lado do ministro Roberto Rodrigues no período entre 2002 a 2006, realizando iniciativas marcantes e de ótimo resultado no agro, como implantação do seguro rural, a lei de biossegurança, lei de títulos do agronegócio que hoje já representam mais da metade dos recursos do campo, estímulo às cooperativas de crédito, e diversas outras ações que significaram um marco revolucionário no agro do país.

Ivan Wedekin envia a sua mensagem direto para nossos ouvintes:

“Tejon e amigos do Agroconsciente da Eldorado. O Brasil reúne condições e tem a obrigação de estabelecer políticas para viabilizar a colheita de mais de 300 milhões de toneladas de grãos em 2023, por dois motivos: nós temos mercado, demanda, clientes dispostos a comprar os produtos do agro brasileiro, mesmo com os elevados preços do mercado internacional e segundo porque o Brasil tem o compromisso com a melhoria das condições de segurança alimentar no mundo, bastante agravado nos últimos anos pela pandemia e mais recentemente com o conflito na Ucrânia.

Nos últimos 12 meses a inflação de alimentos, segundo a FAO, subiu 30%. Então o governo brasileiro tem de estabelecer políticas, especialmente de crédito, para viabilizar uma expansão da área plantada, apesar do aumento do custo de produção dos agricultores e com isso produzir uma safra que venha a reduzir o preço da comida no Brasil e facilitar o abastecimento da população mundial.

Hoje a grande clientela dos importadores do Brasil são países de renda baixa com renda média. Não são mais os países ricos como era há 30 anos. Portanto é imperativo para o Brasil e para a sociedade brasileira uma safra super importante em 2023, e com isso nós estaremos melhorando as condições de vida não apenas da população do Brasil, mas do mundo todo. Um abraço”.

O Ivan Wedekin apresenta a necessidade de crescermos a produção para combater a inflação dos alimentos que nos últimos 12 meses até abril 2022 subiu 30% segundo a FAO. Ressalta existir demanda e mercados para isso. E completa que precisaremos ampliar os recursos para o crédito rural, necessário sua expansão, temos uma política agrícola eficiente, pois é a mais barata do mundo, onde os gastos efetivos do orçamento do governo com o setor é de 0,7%, um verdadeiro dinheirinho que produz um dinheirão.

Neste ano precisamos de priorizar e de ter um plano safrão, um plano agrícola de guerra como também pede o ministro Roberto Rodrigues.

A hora de uma grande virada, Brasil legítima potência agroalimentar do planeta e além disso, potência agroambiental.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Agência Estado trouxe a informação do Ministério da Agricultura, num encontro do ministro Carlos Fávaro com Hexin Zhu, presidente do grupo chinês Citic, da iniciativa de investir em terras degradadas brasileiras. O Citic está entre as 35 maiores empresas chinesas e uma das 150 mais lucrativas no mundo segundo a revista Forbes. Já atuam no Brasil com equipamentos para indústria e na área da energia solar.
No 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio desta semana conversei com Celso Moretti, presidente da Embrapa, sobre os fundamentos que nos levam ao futuro no novo agro dos próximos 10 anos.
Estou numa rodada pelo Mato Grosso, que é hoje o maior produtor de grãos e proteína animal do país, e como região a maior do mundo. Desci de Alta Floresta ao norte, passando por Sinop e agora falo de Sorriso, a cidade capital da soja e do milho no estado do Mato Grosso. Algumas chuvas já temos por aqui, porém não distribuída por toda área.
O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, e o cliente chinês compra cerca de 60% do comércio brasileiro da carne bovina. Se o mercado voltar a fluir  a arroba sobe, e a cadeia produtiva se reequilibra.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite