CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Guerra indefinida e Salão de Agricultura de Paris com lideranças femininas

Publicado em 02/03/2022

Divulgação
Salão de Agricultura de Paris

O Salão de Agricultura de Paris apresenta neste ano uma excelente novidade: a presença de lideranças femininas tomando conta das fazendas, acontecimento igual ao que vemos no Brasil, onde em outubro ocorrerá o Congresso Nacional das Mulheres do Agro.

Assim como vimos no exemplo da brasileira Maria Antonieta Guazelli, da Pecuária Leiteira Rex, a característica da mulher francesa na agricultura é uma mistura de tecnologia com competência comercial. Violaine Hautchamp, 35 anos, encarna essa nova geração de produtoras rurais, trabalhando em condições de igualdade com os homens.

Marcas regionais, terroir, e um mundo cheio de Bio, em todos os sentidos, bioinsumos, bioecologia. E muito em função da guerra Rússia-Ucrânia revelando a dependência energética da Europa, no Salão de Agricultura de Paris também se fala agora na produção de biogás e biometano pelos produtores rurais franceses, assim como estamos realizando no Brasil com apoio importantíssimo da MWM Motores e Geradores.

Enquanto a agricultura é show em Paris, os traumas da guerra seguem e tendem a crescer. A gigante dos transportes marítimos Maersk, por exemplo, decidiu não ir mais aos portos russos. Isso significa um colapso na logística de idas e vindas a Rússia, o que inclui o nosso tão fundamental fertilizante.

Precisaremos criar alternativas, eliminar o desperdício e intensificar a criatividade com bioinsumos e soluções de granulações encapsuladas de adubos. Além de atitudes emergenciais e de crise, com relação aos insumos, importação de trigo, e aumento da produção agrícola do país como vital para a segurança nacional.

A China mandou um recado que não acha nada positivo uma guerra fria. A posição chinesa parece caminhar cada vez mais para ser um fiel dessa balança da guerra, pois nada faz crer que Putin irá parar antes de uma destruição fratricida na Ucrânia, com repercussões terríveis também na própria sociedade russa.

Pela primeira vez num conflito de grandes do mundo, com Europa, Estados Unidos e a Rússia, existe outro muito grande, a China, com o segundo PIB do planeta, é uma potência que não quer e não pode parar de crescer, pressionadíssima por sua gigantesca população que agora deseja ser rica, e não mais comunista pobre.

Triste aqui na universidade onde estou dando aulas num programa de alimento e agronegócio, na Audencia de Nantes, é ver alunos ucranianos e russos aqui, desesperados, com suas famílias e também sem recursos para se manter. A universidade decidiu ampará-los. E outros estudantes daqui, que estavam na Rússia e na Ucrânia, em campus colaborativos, conseguiram sair ontem de ônibus, único meio possível.

Que a guerra termine, e que o Brasil se reúna, em todos os ministérios, com a sociedade civil e façamos um plano estratégico urgente, pelo menos no complexo agroindustrial brasileiro.

Dobrar a produção de tamanho será vital e fundamental. E podemos fazer.

Au revoir Eldorado, Brasil!

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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