Eldorado/Estadão - Na abertura do salão de agricultura de Paris, Macron pede para a França estar preparada, e o Brasil?
Publicado em 28/02/2022
Neste final de semana o presidente Macron da França abriu o Salão Internacional de Agricultura de Paris, um evento tradicional onde a França faz um show da sua agricultura para todos os franceses e turistas do mundo inteiro.
O salão costuma ser também o momento e o local para os principais pronunciamentos do agronegócio não só francês, mas de toda a Europa.
Neste momento com a crise deflagrada da guerra Rússia invadindo a Ucrânia, o presidente da França salientou o momento crítico e disse: “se a guerra continuar, precisamos estar preparados“. E no ambiente do agronegócio, o estar preparado significa dizer cuidar como nunca da produção, criar alternativas para os problemas de logística, fazer substituições, alternativas de produtos agrícolas que podem faltar na importação, oriundos da Rússia e da Ucrânia, que são os maiores do mundo em trigo e óleo de girassol por exemplo.
Num debate com os líderes da agricultura francesa a situação está servindo para uma retomada de políticas de desenvolvimento dos produtores europeus, aumentar a auto suficiência, diminuindo dependências perigosas do exterior na questão do alimento.
Esse “a França estar mais preparada” sem duvida elevará o nível de protecionismo numa região com vasta experiência pelo sofrimento de guerras e do que significa falta de comida.
Uma preparação produzindo mais e preservando os ganhos dos agricultores está em marcha na Europa como consequência da guerra.
Enquanto isso, como insistentemente desde os primeiros Agroconscientes aqui na Eldorado, temos pedido para um planejamento estratégico desde o primeiro trimestre de 2020 com a evidência da crise Covid 19. Infelizmente por situações climáticas deixamos de colher pelo menos 20 milhões de toneladas de alimentos na safra 2020/2021 e estamos deixando também minimamente de colher outros 20 milhões de toneladas nesta safra 2021/22. É dar muita chance ao azar, deixando por conta e risco exclusivo dos agricultores, plantarem mais com custos também dobrados.
Incorporar milhões de hectares de pastagens degradadas sem cortar uma árvore e incluir no mercado milhares de agricultores familiares prontos para produzir é algo, numa situação de crise, que não podemos deixar de fazer.
Precisamos estar preparados, no Brasil também, planejamento estratégico e ação de governo e sociedade urgentíssima. Produzir mais alimentos já gerenciando os riscos dos agricultores.
Au revoir Eldorado Brasil.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.