CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Na dança dos números da safra brasileira precisa ser “bamba” para acertar: quanto vamos colher?

Publicado em 17/04/2024

Divulgação
Os números da safra brasileira serão maiores ou menores que 2022/23?

Para dançar La Bamba, expressão popular, tem que ser bom no que faz, expressão popular também brasileira, de Martinho da Vila “na minha casa todo mundo é bamba...” ou dos Novos Baianos “Batucada de bamba na cadência bonita do samba…”. Mas o ritmo mexicano, vamos lá dançar.

Números muito diferentes previstos na safra de grãos. Será menor do que 22/23, mas quanto? A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fez uma nova previsão apontando para 294 milhões e 72 mil toneladas. Se for assim será 8% a menos do que no ano passado.

O IBGE pelo seu lado estimou em 298 milhões e 300 mil toneladas. E a grande dança dos números está na soja, hoje a maior lavoura brasileira. Somos os maiores do mundo na produção e na exportação. A diferença dos números é uma dança frenética, e uma questão estratégica séria para o Brasil e os produtores brasileiros.

A Aprosoja Brasil, maior entidade representativa dos agricultores, tem um número previsto de 135 milhões de toneladas de soja. Muito distante da previsão do USDA, o departamento de agricultura dos Estados Unidos que estima em 155 milhões de toneladas a safra brasileira. Uma diferença cruel de 20 milhões de toneladas, um número muito significativo com impacto nos preços da oleaginosa e na previsão dos estoques.

Analistas norte-americanos apostam num número de 151 milhões e 700 mil toneladas, 3 milhões e 300 mil toneladas a menos do que o USDA. E a Conab no Brasil informa 146 milhões e 122 mil toneladas. Ou seja, uma dança de números com diferenças de 10 milhões de toneladas a menos na previsão Aprosoja versus Conab e desta Conab para USDA, Estados Unidos quase 9 milhões a menos comparados.

Então qual o drama para uma tão gritante diferença de previsões daquilo que tem uma importância vital para o país e os produtores rurais? Simples: um cenário com perspectivas de colheita de soja como o USDA propaga os preços da commodity ficam mornos, no banho maria, ou frios. E da mesma forma impacta a percepção dos produtores rurais e suas motivações para o preparo da próxima safra 24/25 a partir do segundo semestre, mas que se não for preparada e planejada agora, iremos ter problemas sérios de logística na distribuição das sementes, fertilizantes, defensivos e mesmo impactos na utilização do parque da mecanização agrícola do país.

Conversei com Antonio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, até 23 de abril quando passará a presidência para Maurício Buffon (ex-presidente da Aprosoja Tocantins), que reafirma não concordar com essa diferença das contas da entidade com a dos norte-americanos, e que irá fazer na próxima semana uma nova atualização dos números.

Então nessa dança dos números da safra brasileira parece ficar evidente a necessidade de termos um núcleo que integre metodologias combinadas com os diversos agentes do sistema do agronegócio brasileiro, utilizando as tecnologias digitais e de satélite, incluindo as variáveis climáticas e de ataques de pragas e doenças, para uma melhor segurança nacional da previsibilidade das colheitas dos alimentos.

Enquanto isso, precisa ser bamba para dançar com os números imprecisos de quanto será de verdade a safra brasileira 2023/24. Qual sua aposta?

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Nos últimos três anos o valor do hectare das terras agrícolas multiplicou por três vezes. Para este ano, em função da queda dos preços das commodities, deverá ocorrer uma acomodação nos patamares atuais, inclusive do arrendamento. Anderson Galvão, diretor da Céleres Consultoria, analisa o fator terras agrícolas neste momento.
Agro brasileiro venderá mais para o mundo inteiro.Três ótimos motivos explicam e justificam isso: 1 – Segurança alimentar, energética, ambiental (mudança climática) e social estão na pauta obrigatória mundial. 2 – Os Estados Unidos são o maior agribusiness do mundo, e também o nosso maior concorrente, cujo vendedor presidente (hard sell style) Trump está muito distante de conquistar confiança e credibilidade no seu comércio internacional de alimentos, energia e ambiental. 3 – O agro brasileiro é essencialmente meio para o processamento agroindustrial dos nossos países clientes, onde temos ainda baixíssima participação nas gôndolas dos supermercados junto aos consumidores finais, porém representamos uma fonte confiável em volume, escala, e preços de produtos que são transformados, embalados com marcas locais, e obtém grande valor agregado dentro dos países nossos clientes.
Foram 22 votos a favor e 14 contra, para a proposta do governador reeleito Ronaldo Caiado, do União Brasil, ruralista de raiz fundador da UDR – União Democrática Ruralista, nos anos 80.
Estamos há um mês do 9º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio no Transamerica Expocenter dias 23 e 24 de outubro. O mundo vive uma urgência, emergência de lideranças que consigam unir ao invés de polarizar e dividir.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite