Eldorado/Estadão - Safra 2020/21 será ainda menor, 2021/22 tem riscos para os produtores. Hora da inovação e do uso de insumos biológicos
Publicado em 10/09/2021
DivulgaçãoEstamos com uma safra encerrando em setembro de 2021 enquanto iniciamos a nova para 2022. Mais uma queda de previsão de safra fechando o ciclo 2020/21 com 251 milhões e 700 mil toneladas. Isso é menos do que na safra anterior e menos do que a última previsão que seria de 254 milhões de toneladas de grãos. Infelizmente enquanto escrevemos este artigo recebo imagens de usinas de cana incendiando em Ribeirão Preto, Usina Cevasa, e Batatais, cenas terríveis.
Enquanto isso os Estados Unidos, o USDA informou meio sem querer ontem uma previsão de aumento da área da soja americana, com mais 909 mil acres de milho, mais 897 mil acres de soja e mais 500 mil acres de trigo, e possivelmente melhor produtividade por chuvas boas. Essa informação diminuiu o valor da commodity soja nas bolsas. Aqui no Brasil, a nova safra promete poder chegar a quase 290 milhões de hectares. Imagine quase 38 milhões a mais de toneladas, onde soja, milho e arroz significam 92,4% de todo esse volume.
Portanto, enquanto temos o foco do país na guerra dos 3 poderes um dia, com carinhosos desmentidos no outro dia, e enquanto parte de caminhoneiros ainda estão perdidos em manifestações e agora solicitados a parar com as mesmas pelo presidente da República, pois causam danos graves na economia. Um mundo real e extremamente perigoso não para a sua marcha. Safra atual com mais queda ainda, danos severos no milho com consequentes efeitos na inflação.
E uma safra nova no início, com possibilidade do maior competidor produzir muito mais, da Argentina produzir mais, do leste europeu produzir mais e se o clima ajudar, o Brasil produzir muito mais soja. Poderemos assistir um cenário de elevado risco para uma colheita no próximo ano sob preços inferiores e com uma taxa do dólar em razoáveis R$ 4,50. Estamos plantando por conta e risco dos agricultores brasileiros, e com custos elevadíssimos de insumos, fertilizantes e tecnologias em função do dólar vigente.
Portanto, se ainda não temos um planejamento estratégico das várias cadeias produtivas do país, tanto para exportação quanto para o abastecimento interno da nação. Que produtoras e produtores rurais revisitem suas tecnologias e gestão. Fiquem de olho no caixa e na redução dos custos com melhora da produtividade e da rentabilidade. Para isso, sem dúvida, agricultura de baixo carbono, Plano ABC+ e dentro dele o uso dos bioinsumos.
O Instituto Biológico de São Paulo informa que 100% das empresas nacionais que produzem insumos biológicos usam suas tecnologias e, na soma de 2 milhões de hectares cobertos, a redução dos custos atinge quase R$ 400 milhões.
A hora é de sensatez, razão e pacificação. Mais grão, alimentação e menos eleição.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.