CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Nunca estivemos tanto nas mãos de Deus no agro mundial como agora

Publicado em 21/10/2022

TCA
As mãos de Deus significam São Pedro

As mãos de Deus significam São Pedro. O rio Mississipi, nos Estados Unidos, por onde escoa a logística dos grãos norte-americanos do corn belt está com baixo volume de água e sem transportar a soja. Com isso está ocorrendo um apagão de farelo na China que após recuperar o seu gigantesco rebanho de suínos precisa de ração para os animais. Isso pode se agravar e haver uma nova corrida altista do preço das commodities. A China acaba de autorizar a importação de farelo da Bielorrússia, na busca da diversificação de mercados dos seus fornecedores.

No Paraná, Brasil, o Departamento de Economia Rural (Deral) informa que haverá uma diminuição da qualidade da safra da soja, milho e da colheita do trigo, pelo excesso de chuvas, predominantemente no sudoeste do estado. Em Pato Branco lavouras alagadas, erosão, perdas também no feijão.

Na guerra Rússia e Ucrânia, o pacto para escoamento de alimentos nos portos do Mar Negro chegará ao fim no próximo mês, nada indica bom humor e boa vontade para renovar o acordo, pois a Rússia afirma que as sanções dos países da Otan continuam inaceitáveis, segundo os representantes russos, e que são essas sanções que estão, inclusive, diminuindo as exportações russas de alimentos e de fertilizantes.

Por enquanto o Brasil continua com uma expectativa de colher mais de 300 milhões de toneladas de grãos, onde a soja significará 152 milhões de toneladas.

Porém, de verdade, se São Pedro, o clima, Deus não ajudar poderemos ter uma grande colheita na safra 2022/23 prejudicada no mundo inteiro com agravantes perigosíssimos de falta de alimentos e de inflação e crescimento nos preços , pois os grãos significam de 60% a 70% do custo de todas as proteínas animais. Além dos óleos para cozinhar.

Portanto, como estamos nas mãos de Deus, seria importante que as mãos dos homens e mulheres pudessem ajudar e não contribuir para piorar. Estamos num momento de grande virada nas relações mundiais, na desconfiança precisando de planejamento para a segurança alimentar do mundo. E isso vai demandar fim das hostilidades, diplomacia com inteligência emocional e consciência de que agronegócio precisa e deve ser consciente, pois impacta a vida de 100% do planeta e de toda a sua gente.

E como afirma Roberto Rodrigues, “alimento é paz”. Precisamos de pacificação e menos raivas e ódios por aí. Que Deus nos ajude, mas que as mãos humanas façam a sua parte.

 

 

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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