CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “O mundo inteiro não vai conseguir se essa metade tropical não progredir”

Publicado em 12/05/2025

Divulgação
Tropical Belt Nations

Afastando egologias e ideologias (no início egos humanos estavam a serviço das ideologias, agora, ao contrário, ideologias a serviço dos egos humanos) criamos as ideias que geram mais views, likes e seguidores e votos, os “mega egos”. Então, afastando isso, o sistema do agribusiness brasileiro vai crescer no mundo inteiro, pois metade do mundo está na zona tropical e sub-tropical do planeta, o “tropical belt nations”. E relembrando um dos maiores líderes agro do mundo, Alysson Paolinelli: “a agricultura de clima temperado trouxe o mundo até aqui, daqui pra frente será a tropical”.

O estoque mundial de alimentos não ultrapassa 100 dias hoje no mundo, ou seja, cerca de três meses. A guerra tarifária, que carrega com ela um ingrediente mais vil até do que o ideológico, é o “egológico”. Presidentes de seus países colocando suas ambições egocêntricas acima das suas nações e não temos um debate saudável de um planejamento para segurança alimentar energética e ambiental planetária, principalmente num ano de COP-30 no Brasil cujo fundamento é mudança climática.

Então tomando a visão do organizador agro brasileiro para COP-30, Roberto Rodrigues, aqui no Agroconsciente da Eldorado de sexta-feira passada ele disse: “o conhecimento brasileiro pode ser replicado em todo cinturão tropical do planeta terra”. E qual é a dimensão disso? Significa na prática 50% de tudo do mundo. Terras, águas, populações, florestas e onde precisaremos criar prosperidade para poder enfrentar de verdade as mudanças climáticas em todos os biomas e nas áreas de clima temperado.

E nessa faixa planetária o Brasil é o único país que desenvolveu competências reais transformando um território rústico, de solos fracos, onde se acreditava nada ser possível produzir na hoje 4ª maior agricultura do mundo, atrás apenas de áreas gigantescas milenares como China e Índia, e dos Estados Unidos que contou com um investimento de capital científico e tecnológico gigantesco dentro dos conhecimentos já também milenares das áreas temperadas.

O Brasil superou a produção europeia, também milenar, e significa para o mundo ser o único lugar que pode dobrar a produção de alimentos e energia com sustentabilidade, nos próximos 20 anos.

Portanto, a viagem do presidente Lula à Rússia e à China, se for afastada das tentações egológicas e ideológicas, representaria vínculos importantes tanto na parte dos suprimentos de fertilizantes da região russa, de chips e sensores para a agricultura digital da China, bem como ampliação dos negócios brasileiros não apenas com a China que já representa cerca de 40% do que exportamos no agro, apesar de significarmos não mais do que 20% do que a China importa no mundo, mas de toda Ásia, com Indonésia , Vietnã, Coreia, a gigantesca Índia, etc.

O Brasil passa a significar também um parceiro confiável para a Europa, Oriente Médio pois, sem dúvida alguma, ocorrerão reacertos nos “blefes” tarifários de Donald Trump, um legítimo jogador de cassinos e dono de alguns, mas a crise da confiança nos negócios envolvendo assuntos sagrados como alimentos ficam extremamente prejudicados para seus clientes, pois como afirmou a senadora Tereza Cristina no evento CNA/Senar com Estadão na semana passada: “uma economia mundial que depende do humor do Trump”.

O conhecimento tropical brasileiro teve início nos planos da Embrapa em 1970 com o ministro da Agricultura, Cirne Lima, à época, reunido com pioneiros como o Prof. José Pastore, Eliseu Alves e alguns poucos visionários enviando mil brasileiros estudarem mundo afora e captarem para o Brasil o conhecimento agropecuário e voltando ao Brasil, tropicalizando essa sabedoria que agricultores colocaram nos solos.

Criamos uma máquina de conhecimentos agro tropicais hoje única no mundo. Esse conhecimento tem um gigantesco valor, superior ao preço das mercadorias nas bolsas dos alimentos. E que pode dobrar o PIB brasileiro de tamanho nos próximos 20 anos.

A COP-30 pode além do foco central da mudança climática mostrar ao mundo que a experiência criativa, uma revolução tropical brasileira, pode, sim, e deve ser replicada em todas as nações do cinturão tropical do mundo.

O mundo inteiro não irá conseguir se essa metade tropical não progredir. O Brasil sabe fazer e pode ensinar.

Sem egologias e ideologias faremos mais rápido.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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