CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - O que a super safra brasileira de 273 milhões de toneladas de grãos tem a ver com a fome?

Publicado em 14/04/2021

Gratis.png
Super safra de grãos

Simples. Produção de alimentos não determina acesso a alimentos por parte da população. O drama sempre está na economia, na renda das populações. E onde existe guerra, conflitos civis, e péssimos líderes, nem as doações conseguem chegar para aliviar como no Iêmen hoje com perspectiva de cerca de 2,3 milhões de crianças até 5 anos sofrerem de desnutrição.

No mundo neste ano 2020/2021 vamos colher 2 bilhões e 210 milhões de toneladas de grãos, um pouco maior do que na safra passada, 2019/2020, de 2 bilhões e 186 milhões de toneladas.

Há fome. E com a pandemia, queda na renda, podemos vir a ter cerca de 12 mil mortes diárias no planeta por fome segundo a Oxfam, uma organização da sociedade civil brasileira para ajuda humanitária. E o drama sempre tem sido renda. Cada 2 pontos percentuais que cresce o preço dos alimentos, aumenta em 0,24% a desnutrição.

No Brasil, crescemos de 257,8 para 273 milhões de toneladas de grãos. Agora, 243 milhões e 500 mil toneladas, dessas 273 milhões são de soja e milho; 135 milhões e 500 mil toneladas são de soja e 108 milhões de toneladas de milho, ou seja, praticamente 89% da safra é de soja e de milho.

Arroz continuamos na mesma, em torno de 11 milhões de toneladas, menos do que na safra passada, segundo a previsão da Conab. No feijão 3 milhões e 200 mil toneladas, com 3 safras, mas sem aumento por muito tempo. O trigo vamos colher 6 milhões e 300 mil toneladas, mas vamos importar outras 6 milhões de toneladas. E temos um mundo para fazer em toda hortifruticultura, e na proteína animal enfrentando graves dificuldades de custos na ração.

Somos o 4º maior produtor do mundo e o 3º maior exportador de alimentos. Mas aí está o enigma da esfinge. Por que mesmo com superssafra crescemos a desnutrição? Renda, dinheiro para comprar comida, planejamento econômico da nação, eis a questão. Crise mundial com elevação dos preços das commodities, transportes, e câmbio desvalorizando o real.

Então o ditado certo não deveria ser. Em casa que falta pão todo mundo briga e ninguém tem razão. Seria em casa que falta dinheiro não tem pão, todo mundo briga e ninguém tem razão. E sobre as vacinas poderíamos dizer. Onde falta vacinação não tem saúde, economia, nem dinheiro para o pão.

Que as ações de filantropia continuem e são muito bem-vindas. Afinal agroconsciente exige consciência para a responsabilidade social. Planejamento estratégico, sagrado tanto para o alimento e o agronegócio quanto para a saúde humana. Os dois precisam e devem andar juntos. Alimento para todos é saúde.

José Luiz Tejon para Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Entrevistei o ex-ministro Roberto  Rodrigues, hoje professor emérito da FGV, a respeito do futuro do agro brasileiro. Suas visões dos desafios de insegurança alimentar, transição energética, transformação ambiental e desigualdade social e perguntei a ele como o Brasil pode superar esses desafios por meio do sistema do agronegócio do futuro.
Durante a Agrishow em Ribeirão Preto a cerimônia de premiação ocorreu no Teatro Pedro II reunindo lideranças do agronegócio eleitos em pesquisas realizadas através do Agroworld Ecosystem do Grupo Mídia. 100 mais influentes foram premiados e o destaque personalidade do ano foi para Gino Paulucci Júnior, presidente da ABIMAQ. No evento o presidente da Faesp, Tirso de Salles Meirelles, e também Juliana Farah vice-presidente da Comissão Semeadoras do Agro receberam a premiação.
Hoje segunda feira, 2 de agosto das 9h até as 13 h, ocorre em São Paulo o 20º Congresso do agronegócio - ABAG. O acesso é gratuito e vale a pena acompanhar para saber como esse futuro do principal setor da economia do país irá se desenrolar nos próximos 10 anos. O tema do congresso é O NOSSO CARBONO É VERDE. Significa uma convocação para adentrarmos imediatamente nesse potencial que temos, transformando o berço esplêndido, numa criança prodígio - nosso bioma sustentável.
Teremos diminuição de safras para este ciclo 2023/24. A Conab prevê menos 2,4% comparado com o ano passado. E no Brasil Central já existem agricultores que desistiram da lavoura da soja, e vão plantar milho em janeiro, em função do déficit hídrico, da seca. Conversei com o agricultor José Eduardo de Macedo Soares, eleito o melhor produtor de soja do país sob o ponto de vista da qualidade agronômica com que faz sua lavoura.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite