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DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Plano Safra nos dará 300 milhões de toneladas de grãos?

Publicado em 04/07/2022

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Plano Safra 2022/2023

Essa pergunta ouvi muito após o lançamento na última quarta-feira do Plano Safra 2022/23, em Brasília, com a presença do presidente da República. A resposta para essa pergunta é: depende. Em primeiríssimo lugar depende dos fatores climáticos. Do imprevisível São Pedro. Relembrando aos ouvintes que nas duas últimas safras, 2020/21 e 2021/2022, perdemos cerca de 40 milhões de toneladas de grãos por fatores de frio e estiagem no Sul e Sudeste, além de 82 milhões de toneladas de cana de açúcar pela seca. Portanto, não fosse o fator clima já estaríamos ali arranhando 300 milhões de toneladas de grãos.

Sobre o Plano Safra ouvi diferentes visões de diferentes líderes do setor. Ok, se trata do Plano Safra possível que pode ser feito nas circunstâncias econômicas e da crise que estamos passando. O volume do crédito sai de R$ 251 bilhões da safra anterior para R$ 341,88 bilhões na safra 2022/23. Isso representa um crescimento de recursos na ordem de 36%. Porém os custos de produção para a nova safra dobraram, onde os fertilizantes subiram cerca de 110% comparando à safra anterior com a que iremos plantar.

Neste novo Plano Safra ouvi considerações como sendo “um ótimo Plano Safra para um ano normal. Foi o plano possível de ser feito com elogios as equipes e a Frente Parlamentar da Agropecuária”. Porém a Faesp, Federação de Agricultura do Estado de São Paulo, seu presidente Fábio Meirelles em nota para a Agência Estado diz: “Esses recursos são insuficientes para os esforços dos próximos plantios. A necessidade total seria de R$ 740 bilhões, como os próprios números do ministério apontam. O volume melhor seria muito mais próximo de R$ 400 bilhões”. A Faesp também registra que a parte dos juros controlados ficou em R$ 195,7 bilhões, crescendo apenas 25% perante o ano anterior. O restante dos recursos R$ 145,18 bilhões a juros livres.

E o recurso para equalização de juros contará com R$ 115,8 bilhões. Outros líderes dizem que os juros não deveriam ser de 2 dígitos. O Plano Safra, de forma positiva, aponta para o estímulo à irrigação, ao Plano BCC, agricultura de baixo carbono, bioeconomia, para a conectividade no campo e estimula a armazenagem. Também a pscicultura e inovação. O seguro rural da mesma forma é estimulado.

Sobre a taxa dos juros fica aqui também uma questão. Se a situação econômica do país melhorar e a Selic baixar dos atuais 13,5%, os juros são considerados altos. Para agricultura familiar na faixa de 5%/6% o Pronaf. Para o médio produtor, Pronamp 8% de juros, para grandes produtores e cooperativas 12%. Portanto aí temos um jogo de incertezas. Como ficará a Selic nos próximos 12 meses?

O Moderfrota, para mecanização, passou de 8% para 12,5%, prazo de até 7 anos. Então se a Selic cair? Eis aí a questão central. O Plano Safra ficou de verdade nas costas do mercado como ouvi de especialistas, e cabe ao agricultor realizar excelente gestão dentro da porteira da sua fazenda. Gestão é o nome da solução.

Recursos próprios; recursos do crédito rural; recursos livres do mercado e troca de insumos por produção, o barter -  negociação entre produtores e fornecedores de fertilizantes, defensivos e sementes. Para onde irá a Selic, a taxa do dólar, os preços das commodities, o custo para produzir significam o cassino agrícola das incertezas.

Sinto falta de um planejamento estratégico para algumas categorias distintas do agro como a hortifruticultura, os grãos para ração, o trigo, arroz e feijão, leite, ovos, carnes, bioenergia com biogás e para cada uma delas objetivos e metas quantificáveis, incluindo a indústria, comércio, serviços do antes das porteiras com o pós porteiras das fazendas tendo ao centro a agropecuária propriamente dita e por que não um papel muito forte e protagonista do cooperativismo nesta crítica hora?

Seria uma reunião do mercado com o estado. E considerando a insegurança alimentar do brasileiro e do mundo, isto estaria acima e além de um Plano Safra anual, onde atrairíamos investidores internacionais para políticas de longo prazo incluindo milhões de propriedades agrícolas hoje fora da produção e da renda para consumir.

300 milhões de toneladas de grãos. Precisamos muito mais do que isso!

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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