CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Presidente Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, comenta Plano Safra e pede mais armazenagem e seguro rural

Publicado em 10/07/2023

Divulgação
Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil

Entrevistei Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, a maior representação de agricultura da soja brasileira. Ele comenta o Plano Safra, mas enfatiza muitíssimo a necessidade de maiores recursos para seguro rural e armazenagem.

“Falando sobre a questão do Plano Safra, o volume de recursos até que é bom. Na totalidade dele, faça com que se cumpra esse volume de recursos e não tenha a burocracia que dê acesso fácil e rápido ao produtor rural. Mas tem uns quesitos aí que a gente se questiona e um dos principais deles é a armazenagem e também a questão do seguro rural. Esse modelo de seguro rural não contempla produtor, e os valores que eles falam que poderá atingir R$ 2 bilhões, veja o tamanho de nossa agricultura, não é recurso, não é dinheiro, os problemas são muito graves e o modelo hoje de seguro brasileiro não atende o produtor em caso de catástrofe climática ou mesmo de preços. Tem de ter um modelo semelhante do europeu, ou do norte-americano, e veja que lá nos Estados Unidos tem aí R$ 40 bilhões, quase o dobro da nossa produção e nós aqui, agora, estamos falando em R$ 2 bilhões. Então tem que fazer essa mudança. E também um questionamento sobre a questão de armazenagem. Esse é um problema gravíssimo no Brasil. Hoje nós temos em torno de 60% de capacidade de armazenagem a nível de Brasil, mas a nível de propriedade hoje falada pelo Paulo Bertolini, que é presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos da Abimaq, só temos 15%. É como você falou, Tejon, é fazer um banco sem ter um cofre. Quer dizer que nós produzimos, temos a safra nas mãos e não temos aonde armazená-la. Então o que está acontecendo? Além de recurso ser pouco, a burocracia que é feita para o produtor ter acesso a esse recurso a nível de propriedade que é muito grande. As exigências dos bancos com as garantias acabam inviabilizando o acesso a esse recurso e se nós formos produzir e não termos aonde armazenar, veja essa dificuldade que existe, porque se a safra estiver na mão do produtor ele já economiza bastante no desgaste de rodovias e principalmente na segurança do produto estar na sua mão, na sua propriedade. É que o transporte é feito normalmente no período chuvoso quando você não tem armazenagem a nível de propriedade. Veja que 85% estão nas cidades aonde se armazena, então você tem que utilizar as rodovias no período pior que possa existir, no período chuvoso. Então por isso nós temos que normalizar isso, nós temos que dar o acesso mais fácil a esse recurso para poder fazer essa armazenagem a nível de propriedade. Nos Estados Unidos, além de eles terem capacidade de uma vez e meia a safra deles, 60% da safra é estocada a nível de propriedade”.

 

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

Também pode interessar

Desde o plano de valorização do café, no início do século XX, até hoje essa é a constatação. A tecnologia é ciência aplicada e tudo o que temos de insumos, mecanização, softwares de gestão da moderna agropecuária são disponibilizados para produtores rurais por empresários empreendedores locais ou internacionais, sob iniciativa e risco capitalista, ao lado dos centros avançados brasileiros educacionais onde contamos com universidades reconhecidas no mundo inteiro e centros de pesquisa tropicais. E um valoroso trabalho do Sebrae, Senar, Sescoop, Senai, Sesc, o sistema S.
Eu falo diretamente da França onde estamos participando de seminários do Food Agribusiness Managment, ou seja, a gestão de alimentos e do agronegócio e com um capítulo voltado ao Brasil, mais os países, as nações tropicais do cinturão tropical do planeta Terra, e aqui com relação ao ovo, olha, o mundo virou um ovo.
Hoje (19), Dia do Índio, para não esquecer. Pelo último Senso 896.917 indígenas (dados de 2010), 5.972 quilombolas e 7.103 localidades.
Roberto Rodrigues traçou uma linha inteligente no seu artigo “Nuvens escuras ou pedras cortantes” (Estadão, 14/5, - Pág. B5) revelando que se permitirmos os fatores incontroláveis assumirem os destinos do agro as boas intenções podem se transformar em frustrações. Precisamos de um plano safra com apoio à agricultura de baixo carbono, fundamental para a transição da economia tradicional para a verde. Bioinsumos e agricultura regenerativa a nova linha do futuro.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite