CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Rio Grande do Sul precisa de recursos para superar os últimos 4 anos!

Publicado em 07/04/2025

Divulgação
Tejon com o Prof. Dr. Elmar Floss

Estou no Rio Grande do Sul onde terminou há pouco tempo a Expodireto, uma das feiras mais importantes do Sul do país, e conversei com o Prof. Dr. Elmar Floss, um dos especialistas mais renomados do Brasil e que tem um domínio do tema agronomia e que participou da Expodireto.

Perguntei a ele sobre o que estão dizendo que o Brasil está partindo para uma super safra, mais de 325 milhões de toneladas de grãos, mas o que está acontecendo no Rio Grande do Sul e ele me disse: “Seja bem-vindo ao Rio Grande do Sul e de fato tivemos entre os dias 10 e 14 a 25ª comemoração do Jubileu de Prata dessa grande feira que é organizada pela nossa cooperativa Cotrijal que hoje é a maior cooperativa em faturamento do Rio Grande do Sul, mas infelizmente ela se realizou em um momento que eu diria até de luto e de pouco entusiasmo por parte dos produtores porque como se sabe o Rio Grande do Sul, dependendo da região, os agricultores estão perdendo com a estiagem na quarta safra de seis anos e o pessoal das terras baixas, que ano passado perdeu pelas chuvas, perderam a 5ª safra nos últimos seis anos. Então evidentemente que os agricultores estão descapitalizados porque um longo período de estiagem, três anos seguidos, isso só aconteceu em 1943, 44 e 45, então era muito pouco provável que isso acontecesse de novo, descapitalizou os agricultores e evidentemente a comercialização ficou muito abaixo do que seria esperado”.

Ou seja, o Rio Grande vai precisar de apoio financeiro e perguntei ao Prof. Elmar qual é a perspectiva para a nova safra. Ele me disse: “a estimativa inicial é que o Rio Grande do Sul colhesse 22 milhões de toneladas de soja. A estimativa plantada antecipada pela a Emater é de 15 milhões e como as condições climáticas não têm nenhuma perspectiva de melhorar, nos próximos 14 dias, então mesmo a soja plantada no talho não vai se recuperar, as perdas serão maiores. Nós estimamos uma perda de 8 milhões de toneladas e no preço de hoje é uma perda de 16 bilhões de reais no faturamento”.

Perguntei ao Prof. Elmar se na próxima safra, vai melhoraro cenário e ele respondeu: “Pelas perspectivas atuais, e ainda estamos longe do verão, é que haja uma mudança climática, ou seja, o La Niña vai embora e aí o Sul do Brasil que é muito afetado a tendência é que tenhamos de novo mais chuvas e temperaturas mais adequadas e tenhamos o inverno, porque também os agricultores perderam a safra de trigo, nos últimos dois anos por excesso de chuva na primavera. Então parece que vamos ter agora uma primavera com menos umidade que é a condição ideal para batermos, de novo, recorde no rendimento do trigo como aconteceu na safra 2022”.

Tomara que o La Niña fique dormindo no berço e que não apareça. Perguntei então ao Prof. Elmar na parte do livro “Maximizando o rendimento da soja” qual a recomendação e os fatores que ele daria ao agricultor, já que o potencial da soja é imenso, mas a nossa realidade é muito abaixo e acabamos colhendo abaixo do que poderia ser e ele me respondeu: “Eu sempre digo que do ponto de vista genético nós temos uma Ferrari na lavoura. Realmente o potencial é alto e hoje se olharmos com o rendimento certo nós tivemos 140 sacas, mas o rendimento brasileiro é mais ou menos um terço disso. Então onde é que estão os ralos, onde é que estamos perdendo esse potencial? É um conjunto de fatores mais eu diria que os três mais importantes é melhorar e investir nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, dar essa condição que é essa a base; fazer uma adubação mais racional, ou seja, baseada na produtividade colhida e a terceira nós temos de investir na minimização de estresse. O Sul do Brasil principalmente sofre demais os efeitos tanto do El Niño e de La Niña se faz de forma muito mais pronunciada aqui do que em outras regiões e nós temos de encontrar tecnologias para minimizar esses efeitos”.

Desejamos que o Rio Grande do Sul se restabeleça nessa safra e sem dúvida alguma o Rio Grande conta com o nosso carinho eterno.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

Também pode interessar

Estou aqui no 11º Congresso de Fertilizantes, em São Paulo, é o principal setor de insumos para o agro brasileiro. Eu conversei com o Ricardo Tortorella, CEO da Associação Nacional para a Difusão do Adubo (ANDA) e perguntei a ele como está a situação dos fertilizantes.
Hoje (30) a ABIA – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos e Bebidas celebra 60 anos de existência e eu pedi ao presidente executivo da ABIA, o João Dornellas que nos mandasse a sua palavra aqui neste dia, dos 60 anos da ABIA.
Eu falo do Rio Grande do Sul. A situação está muito triste com a gripe aviária, com grandes impactos na economia e em um estado que tem sofrido quatro anos de dificuldades. E sobre gripe aviária eu preferi pedir ao ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, gaúcho também, foi presidente da Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA), hoje é presidente do conselho dessa entidade, e que tem uma experiência pessoal de enfrentamentos e dramas como esse.
Conversei com Ivan Wedekin, consultor, foi secretário de Política Agrícola ao lado do ministro Roberto Rodrigues de 2003 a julho de 2005. Ivan liderou a criação dos títulos do agronegócio, numa legítima revolução trazendo o mercado de capitais para dentro do agronegócio.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite