CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Safra 2021/22, por que não uma meta de 300 milhões de toneladas de grãos?

Publicado em 11/06/2021

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Conab divulga safra recorde de soja, 135 milhões de toneladas

Precisamos sair da hipnose insensata que nos rouba a razão. Recebi da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), da gerência agropecuária de São Paulo, de Marisete Bellotti, o 9º Levantamento de Grãos, safra 2020/2021. Notícia boa, soja totalmente contabilizada, colhemos 135 milhões de toneladas, novo recorde. Superamos os Estados Unidos. Também boa notícia com o trigo, deveremos ter 7 milhões de toneladas.

Qual a notícia ruim? A crise hídrica pegou o milho, houve o atraso da colheita da soja, pois o milho é de segunda safra, dessa forma o milho perdeu o melhor momento da janela ideal de semeadura. Com a quebra do milho teremos uma diminuição da safra que estava prevista para 271 milhões de toneladas no levantamento anterior para 262 milhões e 130 mil toneladas. Uma quebra de cerca de 9 milhões de toneladas a menos com o milho, que fará um máximo de 96 milhões de toneladas, ainda não finalizado.

Então, mesmo com 262 milhões de toneladas é recorde superior a safras anteriores, mas isso nos basta? O arroz virá com 11 milhões, 626 mil toneladas; o feijão com 3 milhões e 077 mil toneladas, o algodão com 2 milhões e 342 mil toneladas e outros grãos com 5 milhões e 889 mil toneladas.

A conclusão é, apesar de ser ainda a maior safra do país, poderia ser no mínimo 9 milhões de toneladas a mais, e isso com certeza fará muita falta como ração para o setor de aves, suínos, ovos, leite, os segmentos que dependem do milho. Hoje a saca de 60 kg de milho está custando cerca de R$ 100. Isto é mais do que 3 vezes o preço de anos anteriores.

Falta milho, graves problemas para os criadores e a inflação. Por outro lado, seria a hora de podermos aproveitar nesta colheita muito mais da demanda dos mercados mundiais, além do abastecimento interno, se tivéssemos um planejamento estratégico para um crescimento ainda acima da previsão anterior de 271 milhões de toneladas de grãos. O Brasil já poderia estar na casa de 300 milhões mas para isso armazenagem, seguro, contratos, insumos, irrigação, diversos fatores precisariam ter sido orquestrados.

E para uma análise dos ouvintes, só de milho os Estados Unidos colhem cerca de 380 milhões de toneladas. Só de milho, com também uma previsão de diminuição de 10 milhões de toneladas do cereal neste ano. Fica claro que podemos, sim, e precisamos dobrar o agro de tamanho no Brasil. 300 milhões de toneladas de grãos no mínimo para 2021/22, e temos 90 milhões de hectares abertos para fazer isso sem derrubar uma árvore sequer, como a ministra Tereza Cristina sempre enfatiza.

Porém, a nova agricultura é uma montadora tecnológica, uma fábrica de alimentos, um design estratégico, e isso não pode ser feito somente com o Ministério da Agricultura, exige um plano de estado de todos os ministérios e uma intercooperação de todas as confederações nacionais empresariais, e associações do agronegócio com as cooperativas, ou seja, cada vez mais precisamos de um planejamento estratégico intensivo e sustentável.

Não fazermos isso representa sofrimento desnecessário para o povo brasileiro e negacionismo da obtenção de valor econômico e riqueza. Precisamos sair da hipnose insensata que nos rouba a razão.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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Ouvi o economista Paulo Rabello de Castro, doutor formado em Chicago, ex-presidente do BNDES, do IBGE, e que criou a revista Agroanalysis da FGV, que nos explica as consequências de ao invés de uma cesta básica nacional de alimentos, ampla, como está na Constituição, os riscos que o Ministério da Fazenda pode trazer ao país querendo propor, ao contrário,  uma cesta básica mínima e não ampla, para todos os brasileiros independente de classe social.
Falo de um assunto importantíssimo que é o Fundo de Impacto voltado ao agronegócio. Significa investimentos, busca de investimentos onde alimentos, energia, com o meio ambiente estejam ali conectados. E isso voltado ao grande patrimônio brasileiro de áreas já abertas, degradadas, onde nós podemos dobrar de tamanho sem cortar uma árvore sequer.
Langoni defendia o crescimento econômico ser prioritariamente dependente do investimento em capital humano, quer dizer, preparar gente competitiva com inteligência de ponta para os diversos setores do país.
Estou numa rodada pelo Mato Grosso, que é hoje o maior produtor de grãos e proteína animal do país, e como região a maior do mundo. Desci de Alta Floresta ao norte, passando por Sinop e agora falo de Sorriso, a cidade capital da soja e do milho no estado do Mato Grosso. Algumas chuvas já temos por aqui, porém não distribuída por toda área.
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