Eldorado/Estadão - CFO Danone Europa afirma: “Nós não compramos soja do Brasil mais”. Danone Brasil afirma que “continua usando soja brasileira”
Publicado em 28/10/2024
DivulgaçãoSolicitamos esclarecimentos para assessoria de imprensa Danone Brasil, ontem, domingo, que nos enviou uma nota abaixo, porém essa afirmação na Europa foi feita de forma assertiva pelo diretor de Finanças e Tecnologia de dados da Danone, Sr. Juergen Esser, na sua matriz na França para a agência de notícias Reuters na última quinta-feira, e repercutindo aqui no Brasil neste último final de semana.
O diretor de Financas, Tecnologia & Dados informou que estão substituindo o Brasil pela Ásia, mas não deu informações de quais países. A informação obtida nessas fontes noticiosas é de que a empresa, que tem um faturamento anual na casa de cerca de US$ 30 bilhões anuais, adquire produtos processados de soja em torno de 262 mil toneladas para suas criações e 53 mil toneladas para produção de leite e iogurtes de soja.
No país a companhia tem uma atuação há mais de 50 anos com ótimos crescimentos anuais e milhares de produtores de leite pequenos integrados, onde o Brasil está posicionado dentro dos cinco principais mercados mundiais da Danone em vendas e rentabilidade.
E recebemos a seguinte posicionamento da Danone: “a soja brasileira continua sendo utilizada como insumo para ração animal em quase todas as fazendas de leite parceiras da companhia no Brasil e a aquisição da maior parte desse volume é intermediada pela central de compras da Danone incluindo processos que verificam sua origem de áreas não desmatadas e rastreabilidade”.
Pessoalmente não creio na possibilidade de substituição do Brasil por países asiáticos, solicitei também o posicionamento a respeito da Aprosoja Brasil e de seu atual presidente, Maurício Buffon.
Precisamos cuidar da imagem brasileira agro tropical agroambiental, onde temos excelência na vanguarda produtora. Sem dúvida fatos como este evidenciam a necessidade da gestão da percepção nacional para o mundo. Temos no Brasil áreas totalmente rastreadas, agricultura de baixo carbono, ilpf, plantio direto, certificadas e seguras sob o ponto de vista sócio-ambiental, caso contrário não estaríamos exportando para os exigentes mercados e, no caso da soja, nos transformando no maior produtor e exportador do planeta.
O fato, entretanto, revela a necessidade de uma nova diplomacia corporativa global da iniciativa privada na integração das cadeias produtivas, hoje cada vez mais internacionais. E exige ainda uma estratégia perene de diálogo e comunicação do Brasil com os distintos stakeholders mundiais com o setor privado muito mais atuante numa diplomacia comercial corporativa. E isso tudo sem descartar a veemente colocação constante do ex-ministro Roberto Rodrigues de combate com tolerância zero ao crime.
De fato, de onde vinham e eram plantados os produtos, criados os animais no passado não importava. Agora sem essa comprovação nos compliance sócios ambientais, como mostramos aqui no Agroconsciente, do exemplo reunindo Cecafé e Serasa Agro, semanas atrás na Suíça, não vamos exportar ou pelo menos vamos sofrer depreciações de valor.
O posicionamento da Danone que recebemos deixa claro que no Brasil: “a companhia reconhece a necessidade de continuar a ampliar seus esforços para a proteção e a restauração das florestas e de continuar a desenvolver uma transição sustentável na cadeia de valor, de acordo com as necessidades climáticas”.
Agradecemos o posicionamento enviado pela Danone ainda neste domingo à noite. Entretanto, pediria um alerta para a “forma da comunicação” do Sr. Juergen Esser, CFO, diretor financeiro, e de tecnologia da Danone global para a mídia do planeta. Na nossa opinião, deveria ter sido muito mais cuidadoso nas suas declarações e deveria considerar a obrigatória diplomacia ética corporativa entre stakeholders tão importantes como produtores brasileiros, consumidores brasileiros, o nosso país e a admirada corporação Danone, aquela que nos encantava com “o Danoninho vale por um bifinho”.
De volta ao bom diálogo, quem faz o comércio não cria polarização.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.