CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Somos grandes exportadores de commodities, mas não participamos das mesas dos consumidores.

Publicado em 21/02/2022

TCA
O agro brasileiro precisa falar muito mais das nossas delícias comidas regionais

Aqui direto da França, cidade de Nantes, estou ao lado de 40 estudantes internacionais para um master de pós-graduação em gestão de alimentos e agronegócio, na Audencia Business School, em parceria com a Fecap São Paulo. E no final de semana demos uma volta pelos restaurantes da cidade para identificar curiosidades importantes sobre os alimentos e o agronegócio junto aos consumidores finais.

E a experiência foi sensacional. Vimos aqui na França o que precisamos fazer imediatamente no Brasil para elevar a percepção de todo agronegócio brasileiro junto, primeiro a sociedade urbana consumidora do país, e depois através dessa lição de casa alcançarmos o mundo, os consumidores finais dos países clientes.

Carol, Haisem, ouvintes, as pessoas não querem comer “commodities”, as pessoas querem sabor, saúde, e valorizam muito o amor, o cuidado com que a produção agrícola é feita pelos seus agricultores locais e reúnem os artesãos, os chefs de cuisine locais aos agricultores locais.

Estávamos vendo o restaurante mais badalado de Nantes, com fila para entrar e aqui tem que ter o passaporte da vacina, senão não entra e não come. Mas o restaurante chama-se Entrecote. Carnes, bifes, e uma observação no menu: carnes produzidas por produtores franceses.

Outro restaurante, de frangos assados, Ma Poule, também com forte destaque a mensagem de que os frangos são provenientes de agricultores locais com a gastronomia de artesãos locais.

A cidra deliciosa, feita no terroir local. E isto observamos na pesquisa da caminhada pela cidade de Nantes, onde nasceu Júlio Verne em 1828. O escritor do futuro, que entre outras obras fez Capitão Nemo e as 20 Mil Léguas Submarinas, onde ali dizia que as algas seriam alimentos preciosos, e hoje na costa norte da França a atividade das algas se desenvolve extraordinariamente para alimentação animal e humana.

E ouvintes, Carol e Haisem, se tem um assunto que não sai da nossa frente o tempo todo aqui é a crise Ucrânia, Rússia. Mácron pediu que todos os franceses abandonem os estados fronteira da Ucrânia com a Rússia. E Ucrânia é considerada o celeiro do mundo também, com suas terras planas e muito férteis e, ao contrário de nós, tropicais, não precisa de fertilizante, como precisamos aqui.

Carol, Haisem, ouvintes, direto da França, alerta para o agro brasileiro falar muito mais das nossas delícias comidas regionais do que tanto de toneladas de commodities. Viva o terroir brasileiro! Au revoir Brasil!

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão

Também pode interessar

No último dia 17, creio que floresceu a reunião do capital brasileiro com a democracia, uma cidadania vital para o Brasil.
No Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp ocorreu um excelente debate nesta semana sobre as eleições recentes para prefeito. Mas além das avaliações das tendências entre “Bolsonaristas x Lulistas”, ouvimos sóbrias conclusões como: “para termos um governo melhor precisamos de uma melhor articulação da iniciativa privada e uma aliança da sociedade civil organizada”. Assim como foi colocado com ênfase por um dos apresentadores Paulo Hartung, foi governador do Espírito Santo e hoje preside a Indústria Brasileira da Árvore (IBA): “a conversa de esquerda versus direita não nos leva mais ao futuro, precisamos olhar pra frente e não discutirmos 30, 40 anos de passado”.
O protagonismo das mulheres no agro é crescente e muito importante. No CNMA - Congresso Nacional das Mulheres do Agronegocio o convívio com mais de 7500 participantes ao longo dos últimos anos revela virtudes significativas na competência da gestão do agro cuja contribuição feminina é decisiva para esta década. O CNMA 2022 trará como fundamento a coordenação das cadeias produtivas como fator crítico de sucesso, ou seja, precisamos ir além das fronteiras das fazendas, dialogar e criar governança desde o “gene até o meme“. Traduzindo, da genética até as percepções dos
Em entrevista para o Estadão e também para nossa coluna Agroconsciente da Eldorado, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, afirma que meio ambiente, preservação, sustentabilidade, práticas sociais formam o futuro inexorável do agronegócio doravante. Ele também afirmou que irá desenvolver tolerância zero com o crime, desmatamento ilegal, o crime ambiental terá um controle rigoroso.
© 2024 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite